Diálogo, respeito, reciprocidade, solidariedade. Enfim, ser tolerante para com o próximo é um preceito fundamental para quem vive em sociedade. No entanto, nem todas as pessoas demonstram essa qualidade compulsória para quem quer viver num ambiente democrático.
Para piorar, de tempos em tempos, nos vemos envoltos em um cenário bastante complicado, em que a intolerância, o ódio e a violência sobressaem, dificultando (e muito) o pleno e harmonioso funcionamento da sociedade.
Para entendermos o quão é importante sermos tolerantes e o quão nocivo pode ser a intolerância, vamos abordar este tema no Brasil e no mundo ao longo da história até os dias de hoje aqui, no Gestão Educacional!
O que é intolerância?
A palavra tolerância provém do latim tolerare e seu significado diz respeito ao ato de suportar, aceitar algo que não deseja ou que não é possível de ser impedido. Enfim, ser tolerante é privilegiar essa arte que é saber conviver com as diferenças, em um mundo muito plural e diverso, com múltiplas raças, etnias, nacionalidades, religiões, orientações sexuais, opiniões políticas etc. Se a tolerância corresponde a esse bom senso nas relações sociais, a intolerância aponta para o caminho frontalmente oposto: não aceitar o que ocorre diferente do que queremos.
“A intolerância tem a sua origem naquela sensação de ameaça que o outro representa para mim. Isso é construído culturalmente e tem crescido ao invés de diminuir. É sintoma da insegurança que as pessoas têm cotidianamente”, afirma Alfredo Culleton, professor de filosofia e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, em entrevista ao jornal NH.
Intolerância ao longo da história
O documento referência para a tolerância e o respeito às diversidades é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, em um contexto pós-guerra que produziu um dos maiores genocídios da história, que foi o Holocausto, quando o exército alemão matou milhões de judeus, imigrantes, ciganos e pobres, em uma clara demonstração de intolerância e ódio em relação a outros grupos sociais.
Como se pode ver, a intolerância existe praticamente desde que o mundo é mundo. Em tempos mais antigos, o Império Romano se transformou na potência que a história registra, pois expandiu as suas fronteiras por meio da guerra e da imposição de sua cultura sobre os demais povos. Na chamada Idade Média, a própria Igreja Católica perseguia e matava quem pregava outras crenças ou dizia coisas que não estavam de acordo com aquela religião.
O próprio processo de colonização nas Américas e na África foi marcado por inúmeros atos violentos e persecutórios, que levou à morte de muitos nativos. Sem falar na escravidão que sublevou toda uma raça, transformada em mera mão de obra escrava, especialmente no Brasil, que recebeu boa parte dos negros expatriados da África para trabalhar em condições sub-humanas nas terras tupiniquins.
Intolerância nos dias de hoje
No Brasil, tem crescido os casos que revelam uma forte intolerância em nossa sociedade. De acordo com o Dossiê Intolerâncias Visíveis e Invisíveis no Mundo Digital, 44% dos assassinatos de homossexuais no mundo ocorrem em território brasileiro. Os casos de xenofobia e intolerância religiosa também têm aumentado cada vez mais.
No mundo, crises migratórias, motivadas por perseguições políticas e guerras, têm feito com que muitas pessoas se desloquem da África e do Oriente Médio. Essas pessoas, porém, têm suas entradas barradas em muitas nações, com populações se sentindo ameaçadas e pouco solidárias aos problemas dos outros.
Outra fonte de intolerância tem sido as redes sociais. Dados da ONG Safernet Brasil, entre 2006 e 2017, o órgão recebeu mais de 2 milhões de denúncias de discursos de ódio na internet. A campanha eleitoral também tem sido local farto para a propagação de crimes motivados por intolerância religiosa. Dados da Safernet Brasil indicam que entre 16 de agosto e 28 de outubro de 2018, durante o segundo turno das eleições presidenciais, foram registradas 39 mil denúncias de ataques de ódio, preconceito, discriminação, negação das diferenças e discursos violentos.
Em questão de minutos, textos, imagens e vídeos são divulgados para milhões de indivíduos, propagando os mais diversos discursos contra minorias. O aparente anonimato atrai muitos detratores que usam a web para praticar crimes de ódio – os já conhecidos cyberbullying. No entanto, é possível denunciar esses casos, que podem ser investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público e levar o agressor para a Justiça.
Há casos de páginas no Facebook e contas no Twitter que foram retiradas do ar após determinação judicial, por exemplo. Isso tudo mostra o quanto a intolerância ainda é um grande desafio para os seres humanos.