A história de Joana d’Arc (1412-1431) mistura elementos religiosos e de guerra. Ela é reconhecida como uma heroína francesa, por sua importante participação na Guerra dos Cem Anos (1337-1453), e é tida como símbolo de nacionalismo e patriotismo francês. Além disso, também foi canonizada pela igreja católica, sendo considerada santa, desde 1920, e padroeira da França, a partir de 1922.
O reconhecimento como santa se deve às suas visões e mensagens divinas que recebia. Esse é um dos fatores que a levaram à sua condenação à fogueira ainda viva, em 1431, por feitiçaria e bruxaria.
No entanto, o processo foi considerado nulo pelo Papa Calisto III. Joana d’Arc foi considerada inocente das acusações, o que possibilitou sua beatificação, em 1909, e a canonização, em 1920.
Origem de Joana d’Arc
De origem humilde, Joana d’Arc era filha de Jacques d’Arc e Isabelle Romée, agricultores. Analfabeta, ela era a mais nova de quatro irmãos. Nascida em 1412, em Domrémy, desde os 13 anos, alegava ter visões e receber mensagens de santos – dentre eles, São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. Foi por meio de uma dessas mensagens que Joana foi orientada a fazer parte do exército francês e lutar contra a Inglaterra na Guerra de Cem Anos.
Guerra de Cem anos e Joana d’Arc
A Guerra dos Cem Anos foi o conflito de maior relevância, durando 116 anos, de 1337 a 1453. O conflito foi originado em razão da disputa pelo trono francês, após a morte do rei Carlos IV. Sem deixar herdeiros, o Rei da Inglaterra, Eduardo III, declarou-se sucessor por ser sobrinho de Carlos IV. Porém, Felipe VI foi escolhido como Rei. Após disputas territoriais entre França e Inglaterra, a guerra teve início.
Posteriormente, com a morte do rei francês, o trono passou a ser disputado pelos próprios franceses, entre João I de Borgonha e Luís de Orléans. A crise interna francesa se agravou ainda mais com o assassinado de Armagnac Luís de Orléans, fato que dividiu a França entre Borguinhões e Armagnacs – esses últimos defendiam o sucessor de Luís ao trono, Carlos VII. Aproveitando a crise, a Inglaterra aliou-se aos Borguinhões e é nesse cenário que surge a heroína Joana d’Arc.
Obedecendo às suas visões, Joana entra para o exército disposta a expulsar e libertar a cidade de Orleans dos ingleses. Com apenas 16 anos, usando trajes masculinos, cabelo curto e tendo uma escolta, ela atravessa todo o território dos Borguinhões até Chinon para se encontrar com Carlos VII.
Visões e liberação de Orleans
Em Chinon, Joana d’Arc já possui fama, tanto por suas qualidades de guerreira quanto por suas visões. Segundo alguns relatos, Joana d’Arc foi testada por Carlos VII, que ordenou que todos os nobres presentes em uma sala se apresentassem como rei. Porém, Joana teria reverenciado apenas Carlos VII, reconhecendo-o como rei sem nunca o ter visto antes.
Dizem que esse fato impressionou Carlos VII. Ele atendeu ao pedido de Joana e lhe deu uma tropa para seguir até a cidade de Orleans. Joana encorajava a tropa e participava do conselho de guerra, que confiava em suas visões e mensagens divinas. Em apenas 3 dias a cidade de Orleans foi libertada.
Prisão e morte
Joana d’Arca participou de inúmeras outras vitórias contra os Burguinhões e os ingleses, mesmo após cumprir o objetivo de libertar a cidade de Orléans, conforme a mensagens divina que havia recebido. Porém, ela sabia que mesmo com a coroação de Carlos VII, esse não teria como governar a França realmente enquanto Paris estivesse ocupada.
Por isso, continuou a lutar. No entanto, acabou sendo capturada pelos Burguinhões, em 1430, ao tentar libertar a cidade Compiegne, sendo posteriormente vendida aos ingleses. Em poder da Inglaterra, Joana foi submetida a um longo processo em que foi considerada culpada de feitiçaria e bruxaria.
Como sentença, com apenas 19 anos de idade, foi queimada viva na Praça do Velho Mercado, em Ruão, e suas cinzas foram jogadas no Rio Sena, para que não fosse considerada um mártir.
Canonização de Joana d’Arc
O processo que acusou Joana de feitiçaria e bruxaria foi invalidado em 1456, pelo Papa Calisto III, que a considerou inocente de todas as acusações. Após isso, a moça foi beatificada, em 1909, pela Igreja Católica. Mais tarde, já em 1920, foi canonizada pela Papa Bento XV, tornando-se a padroeira dos franceses, em 1922.