João Cabral de Melo Neto foi um importante diplomata e poeta brasileiro. Bastante premiado, sua obra mais conhecida é Morte e Vida Severina, escrita entre 1954 e 1955 e publicada no ano de seu término.
Biografia de João Cabral de Melo Neto
Confira a seguir uma breve biografia de João Cabral de Melo Neto, com os principais acontecimentos da vida do poeta, bem como algumas curiosidades.
Nascimento e primeiros anos
João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife, Pernambuco, em 9 de janeiro de 1920. Foi o segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo.
Por parte de pai, João Cabral foi primo de Manuel Bandeira, poeta e crítico literário e de arte. Por parte de mãe, foi primo de Gilberto Freyre, polímata brasileiro e o mais premiado intelectual da história do Brasil.
Nos anos iniciais de João Cabral, o jovem morou no interior de Pernambuco. Passou a morar em Recife apenas em 1930, cidade na qual concluiu o curso primário e secundário.
Em 1937, arruma seu primeiro emprego, na Associação Comercial de Pernambuco. Posteriormente, trabalha no Departamento de Estatística do Estado.
Mudança para o Rio de Janeiro
Em 1942. João Cabral mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi convocado para servir na Força Expedicionária Brasileira (FAB), mas foi dispensado, por motivos de saúde. No Rio, foi nomeado, por concurso público, a assistente de seleção do Departamento Administrativo do Serviço Público.
Estreia na literatura e carreira de diplomata
Ao ano de 1942 também marcou a sua estreia no mundo da literatura. Foi neste ano que João Cabral de Melo Neto lançou Pedra do Sono (1942). Em 1945, faz concurso para diplomata, sendo nomeado em dezembro e passando a atuar como diplomata brasileiro no ano seguinte, 1946. Em 1947, serve como diplomada em Barcelona, Espanha.
Em 1950, é transferido para o Consulado Geral em Londres. Enquanto trabalha como diplomata, continua lançando uma série de obras, as quais listaremos mais adiante.
Volta para o Brasil e inquérito criminal
Em 1952, João Cabral de Melo Neto retorna ao Brasil para responder por inquérito, sendo acusado de criar uma célula comunista no Ministério de Relações Exterior. Isso porque, na época, o Partido Comunista do Brasil estava na ilegalidade. Nesse tempo, deixa de atuar como diplomata, sendo afastado por decreto do então presidente, Getúlio Vargas. O inquérito só viria a ser finalizado em 1953, sendo arquivado a pedido do promotor público.
Nos próximos anos, começa a participar de congressos de literatura pelo Brasil, enquanto continua a publicar suas obras. Depois, volta a atuar como diplomata, passando pelos consulados de vários países e recebendo uma série de prêmios e honrarias. João só viria a se aposentar da carreira de diplomata em 1990, ano em que também ganha o maior prêmio de literatura em língua portuguesa: o Prêmio Camões.
Nomeação para a Academia Brasileira de Letras
Em 15 de agosto de 1968, João Cabral de Melo Neto foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, passando a ocupar a cadeira de número 37, até então ocupada pelo jornalista Assis Chateaubriand, jornalista ao qual prestou homenagem em seu discurso de posse.
Morte
João Cabral de Melo Neto morreu em 09 de outubro de 1999, aos 79 anos, vítima de uma parada cardíaca. Nos anos finais de sua vida, o poeta estava cego e sofrendo de depressão. Segundo relatos, João morreu segurando as mãos de sua segunda esposa, Marly de Oliveira.
Desde os 30 anos de idade, João Cabral de Melo Neto sofria de uma intensa dor de cabeça.
Principais Características
- Estilo mais racional e objetivo, afastando-se de sentimentalismos;
- Presença de dualidades e contrastes;
- Poesia construtivista e comunicativa;
- Em alguns poemas, especialmente nos iniciais, há um toque de surrealismo.
Obras
Confira a seguir as obras de João Cabral de Melo Neto.
- Pedra do Sono (1942)
- Os Três Mal-Amados (1943)
- O Engenheiro (1945)
- Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e Antiode (1947)
- O Cão sem Plumas (1950)
- Poesia e Composição (1952)
- O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife (1953)
- Morte e Vida Severina (1955)
- Uma Faca só Lâmina (1955)
- Dois Parlamentos (1960)
- Quaderna (1960)
- A Educação pela Pedra (1966)
- Museu de Tudo (1975)
- A Escola das Facas (1980)
- Auto do Frade (1984)
- Agrestes (1985)
- Crime na Calle Relator (1987)
- Primeiros Poemas (1990)
- Sevilha Andando (1990)
- Tecendo a Manhã (1999)