Em meio a uma onda de violência que tem crescido em várias partes do mundo, com o acréscimo de atos e gestos racistas e xenófobos, falar sobre a Ku Klux Klan é uma forma de preservar a História e ajudar a evitar repetir seus erros.
Símbolo de intolerância e de terrorismo, a chamada KKK surgiu nos Estados Unidos há quase dois séculos e ameaça voltar ao debate, em um cenário cada vez de maior conflito e impossibilidade de diálogo. Neste artigo, entenderemos melhor o que foi a Ku Klux Klan, como ela se desenvolveu e quais as ameaças reais de seu retorno nos dias de hoje.
O que é Ku Klux Klan?
A Ku Klux Klan é uma entidade racista secreta que nasceu após o fim da Guerra de Secessão ou Guerra Civil Americana (1865-1861). Seu grupo foi formado, em sua maioria, por veteranos confederados, isto é, soldados dos estados do Sul, o lado derrotado do conflito. Vale dizer que o Sul dos EUA era escravocrata e os seus moradores e soldados não deixaram essa ideia de lado mesmo com a perda da guerra contra o Norte.
A Ku Klux Klan foi justamente uma forma de manter vivos os ideais daquele grupo, até como uma forma de resistência às modificações implantadas pelos vitoriosos da guerra. Uma dessas transformações era a abolição da escravidão no país, que acabou trazendo prejuízos econômicos aos senhores escravagistas, pois a sua principal mão de obra era a dos negros escravos. A KKK realizava atos de violência e também de intimidação contra os negros libertos.
KKK é a união de Ku Klux, que tem como origem o termo grego “kyklos”, cujo significado é “círculo”, com Klan que faz referência aos clãs e grupos familiares tradicionais.
A vestimenta é uma das principais características dos membros da KKK. Seus capuzes brancos e roupões na mesma cor dão um tom meio fantasmagórico aos indivíduos, que, assim, escondiam as suas identidades, permitindo fazer as atrocidades que quisessem.
Formação da Ku Klux Klan
A KKK ganhou adeptos e projeção ao longo dos anos. Por outro lado, também acendeu o alerta do governo e da sociedade, até que a Suprema Corte declarou a KKK inconstitucional em 1882. Mas, apesar de ter desaparecido por um tempo, o seu retorno foi ocorrer apenas a partir dos anos 1920.
Essa nova KKK havia sido gestada cinco anos antes no estado da Geórgia, mas sem exclusivamente o teor do ódio aos negros. Seu foco estava mais em nacionalismo e xenofobia, além de um sentimento nostálgico em favor do que eles chamavam de “velho Sul”. De forma prática, a violência não era mais direcionada apenas aos negros, mas também a católicos, judeus e imigrantes.
Depois da quebra da Bolsa de Valores de 1929 e do grave período de recessão que tomou conta dos EUA nos anos 1930, um período conhecido como Grande Depressão, a KKK desapareceu, retornando nos anos 1960, para enfrentar os movimentos sociais que lutavam pela igualdade racial. Mas, na década seguinte, grupos anti-KKK deram o golpe final na organização nos tribunais, pois passaram a exigir vultuosas indenizações para as vítimas de seus atos.
A volta da KKK
O discurso de supremacia branca perante a sociedade não desapareceu por completo e ameaça voltar com a ajuda de grupos neonazistas e com a própria KKK. Recentemente, começaram a ser vistos grupos supremacistas ao ar livre à noite, para botar fogo em cruzes e suásticas com o intuito de demonstrar o seu “orgulho branco”.
Além disso, panfletos sobre a Ku Klux Klan foram encontrados nos subúrbios do Sul e do Nordeste dos Estados Unidos. Também, grupos menores e independentes têm se juntado a organizações maiores para dar mais força ao movimento.
O posicionamento atual do governo de Donald Trump, mais nacionalista e voltado para dentro, com uma linguagem de confronto a determinados países, vai ao encontro do que esse movimento xenófobo e, claro, anti-imigração, busca em suas entranhas. Faz parte de uma nova onda populista, mais à direita, que tem levado muitas pessoas a se colocarem contra imigrantes, que, nessa visão, estariam tomando seus empregos, por exemplo, e abrindo brechas para medidas que prejudicam esses agrupamentos sociais.
Esse tipo de mentalidade tem crescido em muitos lugares do mundo e permite a propagação de discursos de ódio como o que é feito pela KKK, o que faz a organização manter acesa uma preocupante chama de voltar a praticar atos terroristas contra minorias.