Cangaço foi um movimento que ocorreu no Nordeste brasileiro, nas primeiras décadas do século XX. Considerado um movimento de banditismo, consistia em pequenos grupos armados que circulavam pela região e viam no crime a oportunidade de lutar contra as injustiças sociais e alcançar algum tipo de ascensão.
Ao mesmo tempo, esses grupos procuravam se vingar das elites, responsáveis pela dura vida no sertão. Entre os muitos cangaceiros que participaram desse movimento, um acabou se tornando conhecido como o “Rei do Cangaço”: Lampião.
Quem foi lampião?
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi o cangaceiro mais famoso e temido de todos. Nascido em Serra Talhada, Pernambuco, em 1898, era o terceiro filho de José Ferreira dos Santos e Maria Sucena da Purificação.
Levava a vida como um simples artesão, até os 21 anos, quando o pai foi morto pela polícia após uma disputa de terras com famílias locais. O jovem Lampião (que ganhou essa alcunha pelo costume de iluminar a noite com as faíscas de sua arma enquanto treinava tiros) jurou vingança, unindo-se com seus dois irmãos ao grupo de Sinhô Pereira, um cangaceiro da região. Começou, assim, a viver as histórias que o deixariam famoso.
Um desses feitos foi o assalto a fazenda da Baronesa de Água Branca, em Alagoas, que resultou em uma grande quantia de dinheiro para o grupo.
Líder cangaceiro
Dois anos depois, Lampião torna-se o líder do bando. À frente de seu grupo e acompanhado pelos dois irmãos, Virgulino Ferreira se tornaria uma verdadeira lenda em todo o Nordeste. Foram ao todo 16 anos liderando os cangaceiros mais temidos, travando inúmeros combates contra as volantes (grupos de polícia local que enfrentavam os fora da lei)
Lampião e seus homens iam de cidade em cidade, fazenda em fazenda, roubando, matando e aterrorizando a população nordestina, sempre com as volantes em seu encalço. O grupo vivia de saques, doações e da ajuda de coiteiros, fazendeiros ou homens de poder da região que davam abrigo temporário aos cangaceiros em troca de proteção ou de determinados serviços.
Em 1930, passando pela Bahia, Lampião conheceu Maria de Déa, que ficaria conhecida posteriormente como Maria Bonita. Casada e treze anos mais nova que o cangaceiro, abandonou tudo para viver ao lado dele. Juntos, tiveram uma filha de nome Expedita Ferreira Nunes (que foi criada por um casal de amigos vaqueiros).
A partir de 1930, graças a uma ordem expedida pelo então presidente Getúlio Vargas, a perseguição aos membros do cangaço, e em especial, Lampião e seu bando, aumentou consideravelmente. O grupo era caçado por várias volantes, fazendo com que o líder se visse obrigado a travar vários combates e a estar sempre em movimento com o seu grupo para dificultar sua localização.
Morte e fim do cangaço
Lampião e seu bando decidiram se esconder no dia 27 de julho de 1938 em um lugar chamado Gruta dos Angicos, no sertão do Sergipe. O local era tido como o esconderijo mais seguro.
Na manhã do dia 28 de julho de 1938, alguns cangaceiros ainda dormiam, outros tomavam café, quando foram atacados pela polícia.
Todos foram pegos de surpresa. Lampião foi o primeiro a morrer, baleado no estômago. Ao seu lado caiu ferida Maria Bonita. Ao todo, 11 cangaceiros foram mortos, e os poucos sobreviventes fugiram.
Os relatos contam que Maria Bonita ainda estava viva quando foi decapitada, junto com todos os outros mortos, seguindo um costume bizarro da época. As cabeças de Lampião, Maria Bonita e dos outros 9 cangaceiros ficaram em exposição por décadas, sendo enterradas somente em 1969.
A morte de Lampião não foi o fim definitivo do cangaço. O movimento só terminou, de fato, dois anos após sua morte, quando Corisco, um dos seus cangaceiros mais próximo, e que não estava presente em Angicos, foi morto em uma emboscada da polícia, em Barra do Mendes, Bahia.
Herói ou vilão?
A figura de Lampião, envolta em mistérios e lendas, carrega em si uma grande contradição. Visto como um bandido e assassino sanguinário pelas autoridades, era tido como herói por parte da população pobre do nordeste, que admirava a coragem de um homem que ousou desafiar os poderosos da época.
Legado
Bandido, herói ou líder, Virgulino Ferreira da Silva foi um homem de várias faces. Sua curta e atribulada trajetória, marcada pela violência, foi fartamente representada na música, na literatura, na TVe no cinema. Por tudo isso, Lampião é um dos personagens mais conhecidos e controversos da história brasileira.
A participação das mulheres no cangaço
A mulheres, dentro das rotinas de combate, eram afastadas de emboscadas, ficando fora da área de combate. Mesmo ficando fora dos combates, todas elas sabiam atirar e carregavam pequenas armas para defesa.
Cerca de 30 mulheres participaram da vida do bando.
Fazenda Angicos
Uma homenagem a Lampião, na grota de angicos existe um memorial com uma placa com os nomes de todos os cangaceiros mortos e duas cruzes.
Para você entender – FAQ resumo sobre “Lampião”
Entenda mais sobre Lampião! Essas perguntas são as mais comuns entre as pessoas que buscam entender mais sobre esse assunto.
Qual o motivo de Lampião ter entrado no cangaço?
A principal razão para Lampião ter entrado no cangaço foi a morte de seu pai pela polícia, assim, ele jurou vingança e entrou para o cangaço.
O que é cangaço?
Cangaço foi um movimento caracterizado pelo protesto contra a situação de precariedade e injustiça social na qual vivia a população da região Nordeste do Brasil.