Lobo-guará – Características, Comportamento, Habitat, Alimentação, Reprodução

O Brasil possui alguns animais que são característicos de cada bioma. No Cerrado, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é símbolo da conservação na região.

Considerado o maior canídeo da América do Sul, pertence ao mesmo grupo dos cães e lobos. Esta espécie também é conhecida pelos nomes de lobo-de-crina, lobo-vermelho, aguará, aguaraçu e jaguaperi, podendo viver até 15 anos na natureza.

A espécie ocorre também na Argentina, na Bolívia, no Paraguai, no Peru e no Uruguai. Atualmente, no entanto, sua ocorrência diminui em função do conflito com atividades humanas que destroem seu habitat.

Características físicas

De aparência similar aos lobos e cães, o lobo-guará é altivo e elegante. Possui focinho comprido e orelhas grandes e pontudas. Suas patas são esguias e sua cauda é peluda. A pelagem é de cor vermelho-alaranjada, mas as patas e o dorso apresentam uma pelagem preta, o queixo, a ponta da cauda e o interior das orelhas são brancos.

O comprimento do lobo-guará varia entre 95 e 115 centímetros e a cauda mede entre 38 e 50 centímetros. Seu peso pode variar entre 20 e 33 quilos.

Comportamento

Apesar de o seu comportamento natural ser em grande parte noturno, este animal tem sido avistado durante o dia com maior frequência. É predominantemente solitário, formando casais apenas na época reprodutiva. Além disso, é um animal tímido e territorialista, usando odores de fezes e urina para marcação do seu território, ou ainda a vocalização, que também é utilizada para comunicação entre casais e filhotes.

Um outro comportamento interessante da espécie é que, quando caçam cobras, batem as patas no chão várias vezes, acertando a presa. Quando a cobra está tonta, mordem seu pescoço e a consomem da cabeça para o rabo.

Habitat

O lobo-guará habita predominantemente áreas de Cerrado, até regiões de transição da Caatinga. Em menor proporção, ocorre no Pantanal e nos Campos Gerais, no Sul do Brasil. Atualmente, também ocorre na Mata Atlântica, principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná.

É comum também encontrarmos a espécie em áreas alteradas pela agricultura, como pastos e plantações de eucalipto.

Alimentação

Apesar da dieta predominantemente carnívora, esta espécie é onívora, alimentando-se de animais e frutos. Em geral, consomem pequenos vertebrados, como roedores, tatus, répteis, além de diversos frutos do Cerrado, como o araticum e a lobeira ou fruta-do-lobo (Solanum lycocarpum).

Dispersão de frutos

Como grande parte da dieta deste animal é composta por frutos, ele é um importante dispersor de sementes. Ao se alimentar, o lobo-guará contém em suas fezes as sementes dos frutos, que serão carregadas para as longas distâncias percorridas pelo animal, uma vez que possui extensa área de vida. Assim, o lobo-guará é considerado um importante regenerador de florestas.

Reprodução

Essa espécie forma os casais apenas na estação reprodutiva, quando a fêmea sai da toca e é alimentada pelo macho. A gestação dura aproximadamente 65 dias, podendo nascer até 6 filhotes, mas, em média, cada gestação gera dois filhotes.

Quando nascem, são pretos, com a ponta da cauda branca. A partir dos sete meses, começam a apresentar a coloração do adulto. E, ao nascer, o peso varia entre 340 e 410 gramas.

A espécie realiza cuidado parental, sendo que ambos os pais demonstram cuidado com a prole por pelo menos um ano, idade na qual os filhotes atingem a maturidade sexual.

Curiosidades

Globalmente, o lobo-guará é classificado como “quase ameaçado – NT”, mas, no Brasil, é classificado como “vulnerável à extinção – VU”, pelo ICMBio. Infelizmente, a perda de habitat e a caça predatória são os maiores responsáveis pela redução populacional da espécie.

Sua presença em áreas rurais gera conflitos com humanos, principalmente porque o animal preda galinhas domésticas, causando danos ao produtor. Além disso, como a espécie possui grande área de vida, precisa cruzar rodovias que foram construídas entre remanescentes de vegetação, o que acaba por provocar muitos atropelamentos.

Por isso, existem planos de conservação da espécie. Dentre as medidas utilizadas, está a implantação de passagens de fauna. Estas passagens são estruturas sobre ou embaixo das rodovias que permitem o acesso dos animais de uma área para outra, sofrendo menor risco de atropelamento. Além disso, outra ação realizada é a conscientização da população sobre a importância ecológica da espécie.

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