O ano era 1839. A cidade, Rio de Janeiro. Em 21 de Junho, nascia Joaquim Maria Machado de Assis. De origem humilde, filho de um operário mestiço e de uma imigrante de Açores, o pequeno Joaquim viria, futuramente, a se tornar um dos mais importantes autores literários do Brasil, conhecido apenas pelo sobrenome, Machado de Assis.
Um dos maiores escritores (talvez até o maior) da literatura brasileira, foi co-fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupando cadeira de número 23 e tendo como patrono José de Alencar, que, na ocasião, já havia falecido há pelo menos 20 anos, mas, por consideração e amizade, foi o nome escolhido por Machado de Assis para representá-lo na Academia Brasileira de Letras.
Filho de Francisco José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis, foi criado a grande parte de sua vida no Morro do Livramento. Pouco se sabe sobre a sua infância, apenas que sua mãe faleceu muito cedo e que sua vida não foi nada fácil, pois seu pai não tinha boa condição econômica.
História, infância e crescimento
Cresceu no morro do Livramento e, tendo perdido a mãe ainda criança, passou um período com a madrinha, Maria José, até o casamento de seu pai com Maria Inês, a madrasta que não somente cuidou dele, como também foi a responsável por matriculá-lo em uma escola pública -a única em que Machado de Assis estudou.
Diante disso, Machado de Assis teve muita dificuldade para terminar seus estudos, mas nem por isso desistiu, levando da maneira que pôde e chegou onde chegou por meio de muito esforço e dedicação. Mesmo com tanta dificuldade, isso não o impediu de, aos 15 anos de idade e amante das letras, publicar seu primeiro trabalho literário, o soneto “À Ilma. Sra. D.P.J.A”, no Periódico dos Pobres, em 1854.
Sim, Machado de Assis teve pouco acesso aos estudos formais, porém mostrou-se curioso, estudioso e autodidata. Aprendeu latim e francês com um amigo padre e, segundo consta, frequentava as salas de aula mesmo quando não estava matriculado, aproveitando as folgas do trabalho, como vendedor de doces, para estudar.
Assim, logo ao completar 16 anos de idade, pôde publicar seu primeiro poema, intitulado “Ela“, na então revista Marmota Fluminense. O poema descreve uma mulher pelos olhos apaixonados do poeta, em que tudo parece perfeito e uma simples palavra da pessoa amada seria suficiente para acalmar o seu coração.
Aos 17 anos, Machado de Assis dá mais um passo em direção à vida, em meio às palavras: aprendeu tipografia na Imprensa Nacional, onde acabou conhecendo o autor de “Memórias de Um Sargento de Milícias”, Manuel Antônio de Almeida, que se tornaria seu mentor e protetor.
Machado de Assis ainda viria a trabalhar em vários veículos de comunicação, como a Livraria Paula Brito, o Correio Mercantil, a revista O Espelho e o Diário do Rio. Esse foi só o ponto de partida de sua vida profissional, que esteve diretamente ligado às letras. Em 1858, passou a trabalhar como revisor e colaborador no Correio Mercantil e, em 1860, foi chamado por Bocaiúva para trabalhar na redação do Diário, além de escrever durante o mesmo período com certa regularidade para a revista – lugar também em que iniciou carreira fazendo críticas teatrais.
Machado de Assis casou-se em 1869, com Carolina de Novais, com quem permaneceu por 35 anos, até a morte dela. Carolina era uma mulher culta e foi ela quem apresentou ao autor clássicos portugueses e ingleses, que em muito influenciaram Machado de Assis. A morte da esposa, em 1904, foi uma perda muito sentida pelo autor, que dedicou a ela o soneto “A Carolina“.
O autor brasileiro foi um entusiasta da criação da Academia Brasileira de Letras, tendo sido eleito presidente da instituição quando ela foi oficialmente fundada. A importância de Machado de Assis para a literatura brasileira é tamanha que a Academia passou a se chamar Casa de Machado de Assis.
Joaquim Maria Machado de Assis publicou seu último romance, “Memorial de Aires“, em 1908. No mesmo ano, no dia 29 de setembro, o autor falece no Rio de Janeiro, sendo enterrado junto à esposa, no Cemitério São João Batista.
Principais obras
O romance mais conhecido de Machado de Assis foi publicado em 1899. “Dom Casmurro“, narrado em forma de memórias de Bentinho, traz uma das mais conhecidas personagens da literatura nacional, a bela e misteriosa Capitu.
“Memórias Póstumas de Brás Cubas” também é narrado em forma de memórias, mas, aqui, são as lembranças de um personagem já morto, que nos conta as aventuras e desventuras da vida na elite brasileira, com um tom ácido e até irônico. Aliás, outra obra que trata com certa ironia os hábitos da sociedade é “O Alienista“, lançado em 1882.
Machado de Assis também lançou poemas, entre os quais podemos destacar os livros “Crisálidas e Poesias Completas” e contos, como “A Cartomante” e “Noite de Almirante“.