A pobreza é um problema mundial e que, por vezes, parece insolúvel, dada a incapacidade humana de repartir recursos, riquezas e alimentos produzidos entre as pessoas que necessitam. Porém, é importante ressaltar que há vários níveis de pobreza. Esses dados auxiliam os pesquisadores a indicar o quanto um país está nessa questão e também aos seus formuladores de políticas públicas, que terão mais precisão a respeito do que deve ser feito para superar ou ao menos minimizar a pobreza.
Neste artigo, você vai entender o conceito de pobreza absoluta, um dos temas mais extremos quando se trata de pobreza, além de conhecer outras formas de medir a pobreza e perceber as diferenças entre a absoluta e a desigualdade social.
O que é pobreza absoluta?
A pobreza absoluta é um conceito que representa a pobreza em números absolutos, isto é, o grau de pobreza de um indivíduo ou de uma população. Ela serve como uma régua para medir o nível de acesso da pessoa a um determinado padrão mínimo ou mesmo suficiente de necessidades que precisam ser atingidas, caso contrário, a pessoa se encontra na pobreza absoluta, pois nem o mínimo do básico ela consegue atingir.
Esse conceito nasceu a partir de um levantamento feito nos Estados Unidos nos anos 1960. Molly Orshansky, da Social Security Admistration, elaborou uma medida e as necessidades básicas para definir a linha da pobreza. Seu estudo se baseou no preço do plano alimentar mais barato dos quatro planos feitos pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para se chegar a quanto que cada família teria que gastar para atingir ao menos o mínimo com a alimentação após impostos.
“As medidas absolutas são interessantes por sua característica empírica. Elas estimam aproximadamente o mínimo para uma família viver em sociedade, com padrão de vida considerado decente. Sua maior vantagem é permitir o reajuste do valor mínimo necessário, baseado em nível fixo de necessidades”, explica Alessandra Baiocchi, no texto Pobreza: definições e medidas.
O maior problema dela é justamente definir o mínimo de recursos necessários para uma vida minimamente decente. Em geral, os especialistas partem para a necessidade nutricional. Além disso, o conjunto de necessidades costuma variar com o tempo, então, é necessário sempre estar atualizando esses elementos importantes para uma sobrevivência digna.
Pobreza absoluta x desigualdade social
Vale dizer que a pobreza absoluta nada tem a ver com a desigualdade social. É perfeitamente possível que um país seja rico, porém, desigual. Isso porque, o conceito de desigualdade social é relativo, pois é medido na comparação entre ricos e pobres. Isso explica o porquê de ser possível uma pessoa pobre de um país europeu ter renda maior e mais qualidade de vida que um cidadão de classe média em um país da América Latina. Mas, apesar de ser evidente nos países subdesenvolvidos, é comum a pobreza absoluta surgir nas periferias pobres das metrópoles de nações ricas.
Para entender, um exemplo: imagine que as oito pessoas mais ricas do mundo possuam o mesmo patrimônio que a soma de todas as riquezas da metade mais pobre da população mundial. Esse é um dado da desigualdade social. Agora, ao analisar a fundo essa população mais pobre, verificou-se que mais de 700 milhões de indivíduos vivem com menos de US$ 1,90 por dia. Esse é considerado um dado real da pobreza absoluta.
Outro exemplo é o próprio Brasil, que está na lista dos 10 países mais ricos e também na dos 10 mais desiguais do globo. Isso ocorre, pois, a concentração de riqueza é gigantesca: cerca de 5% dos mais ricos possuem uma riqueza que corresponde a tudo o que os outros 95% detêm. Como se vê, há uma vasta população vivendo na pobreza absoluta em um país composto por um pequeno grupo de bilionários.
Demais formas de medir a pobreza
Além da pobreza absoluta, há outras formas de medir a pobreza. É o caso do conceito de pobreza relativa, que diz respeito a famílias ou pessoas denominadas pobres por não terem a renda que é preciso para ter o padrão de vida da sociedade na qual estão inseridas. Essa medida é muito utilizada por nações europeias para definir a linha da pobreza.
Entre suas vantagens está a possibilidade de mudar o padrão de consumo com o tempo. Além disso, à medida em que a renda aumenta, o limite de pobreza também cresce, proporcionando uma medida relativa constante. No entanto, há problemas na determinação da proporção da renda mediana para definir o limite da pobreza, além de não possibilitar uma correta avaliação do progresso dos mais pobres.
Há, também, a medida de pobreza subjetiva, que opta por uma pesquisa com as pessoas para perceber quais são as necessidades básicas delas e, aí sim, conseguir determinar em que nível se enquadra a pobreza. Também conhecida como abordagem Leyden (já que foi desenvolvida pelos pesquisadores da Leyden Income Evaluation Project), ela tem a vantagem de combinar as abordagens absoluta e relativa ao perguntar às pessoas quais são suas reais necessidades de consumo e previdência social.
A desvantagem dessa técnica é apontada na diferenciação das necessidades apontadas por homens e mulheres, o que pode afetar as necessidades reais para a pesquisa. A interpretação das perguntas por parte dos entrevistados também pode prejudicar o resultado.