Os curdos são um povo de origem ainda desconhecida e que vivem espalhados em uma região conhecida como Curdistão, localizada entre os territórios da Turquia, Síria, Irã e Iraque. Existem atualmente cerca de 30 milhões de curdos no mundo.
A maioria dos curdos busca o reconhecimento do Curdistão, região onde habitam a séculos, como um país independente, e, por isso, vêm sendo, ao longo do tempo, duramente perseguidos.
Além do Curdistão, os curdos também são encontrados em Armênia, Azerbaijão, Geórgia, Europa (sobretudo na Alemanha) e Estados Unidos, entre outros.
História dos curdos
A origem do povo curdo é antiga e um tanto quanto obscura. Muitos historiadores têm debatido a respeito, na tentativa de jogar alguma luz sobre a história desse povo. Dizem-se descendentes dos medos, um povo de origem ariana, que viveu por volta do século VI a.C. na região do atual Irã. Esse povo foi conquistado pelos Persas, que formaria um dos maiores impérios da antiguidade.
Em 410 a.C., Xenofonte, um general grego, historiador e aluno de Sócrates, menciona, em sua obra Anábase, um povo que vivia ao norte da Pérsia, ao qual ele chamou de Cadukhi. Essa região trocaria de mãos muitas vezes. Macedônios, romanos e árabes conquistaram o local até que a região caiu nas mãos dos turcos seljúcidas. Em 1150, o sultão Sandjar cria a província do Curdistão.
Embora esta tenha tido vida curta, sendo conquistada depois por mongóis e finalmente pelos turcos otomanos, ela alimentou o desejo do povo curdo, há séculos vivendo ali, de ter sua própria nação. No século XIX, tem início uma série de revoltas visando a independência do Curdistão, todas elas violentamente reprimidas pelos turcos.
Somente após a Primeira Guerra Mundial, que ocasionou o fim e a ocupação territorial do Império Otomano, as potências europeias começaram a olhar para o problema.
O Curdistão
O Tratado de Sévres, assinado em 1920 e que desmembrou as antigas áreas de dominação turca, previa a criação de um Estado curdo. Porém, a ação de um grupo nacionalista turco, liderado por Mustafá Kemal Ataürk, deu início a uma guerra de independência contra as forças de ocupação. Por isso, os termos do tratado nunca foram cumpridos. Para pôr fim ao conflito, um novo tratado foi assinado (Tratado de Lausanne), no qual o Curdistão foi esquecido.
A área conhecida como Curdistão ocupa cerca de aproximadamente 500.000 km², estendendo-se do sul da Turquia ao norte do Iraque, leste da Síria e uma estreita faixa a oeste do Irã.
Em todas essas áreas, mas sobretudo na Turquia, o povo curdo sofreu perseguições, sua cultura foi reprimida e sua língua proibida.
Em 2011, tem início a Guerra Civil na Síria, opondo grupos rebeldes que tentavam derrubar o governo. O conflito se expandiu rapidamente, englobando todas as áreas do país, inclusive a região curda.
Com a ascensão do Estado Islâmico, um grupo terrorista que pretendia instaurar um califado na região, o conflito se intensificou. Os curdos criaram as Unidades de Proteção Popular, grupos armados e treinados para combater o Estado Islâmico, tornando-se a maior força de resistência que os extremistas enfrentaram.
O Curdistão hoje
Na Síria, após a expulsão dos militantes do Estado Islâmico, os curdos controlam sua região, chamada por eles de Rojava, instaurando um governo provisório que goza, até o momento, de autonomia. Uma vez que a guerra civil entre rebeldes e o Governo Sírio ainda não acabou, não se sabe qual será o destino desse governo curdo.
O Curdistão Iraquiano também goza de autonomia, conquistada após a Guerra do Iraque, em 1991, e reforçada pelo empenho dos curdos da região no combate ao Estado Islâmico. Essas duas regiões são as mais próximas, de fato, a ver o surgimento de um Estado Curdo reconhecido internacionalmente.
As regiões curdas no Irã e na Turquia, por sua vez, continuam sendo reprimidas com violência em qualquer tentativa de autonomia.
Língua e religião
Além das regiões já citadas, também existem minorias curdas vivendo em Armênia, Azerbaijão, Geórgia, Líbano e Europa, sobretudo na Alemanha. A língua predominante é o curdo, um idioma pertencente à família das línguas iranianas, mas muitos curdos falam árabe ou turco como segunda língua.
A maioria dos curdos é muçulmana, seguindo a linha sunita, mas também existem curdos iazdanistas, uma religião similar ao Zoroatrismo, e que é considerada pelos curdos como sua religião original.