Em 2018, completam-se 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial. Foi em novembro de 1918 que a Alemanha assinou um armistício com os países aliados, para dar fim ao, até então, maior conflito armado da história da humanidade, que durou mais de quatro anos.
A Grande Guerra ou “guerra para acabar com todas as guerras“, como ficou conhecida essa época, deixou cerca de 9 milhões de mortos, entre combatentes e civis, e, aproximadamente, 30 milhões de feridos. Os números impressionam e foram causados pela grande evolução da tecnologia de combate.
Mas, antes de explicarmos isso, é importante entender a origem do conflito, que, embora concentrado na Europa, repercutiu por todo o globo.
Primeira Guerra Mundial: início
Um dos principais vetores do crescimento das tensões no velho continente foi a política expansionista das potências europeias. Os impérios Austro-Húngaro, Alemão, Britânico, Russo, Otomano e Francês protagonizaram uma briga incessante por territórios e poder, tanto na Europa, quanto em outros continentes, especialmente na África.
Na segunda metade do século XIX, as potências europeias foram à mesa para uma negociação, que não acabaria bem. As nações do velho continente decidiram partilhar os territórios recém-descobertos na Ásia e na África. A ganância, porém, era maior do que o número de terras disponíveis. Sentindo-se desprivilegiados na divisão, alemães e italianos fizeram desencadear um sentimento nacionalista perigoso e hostil.
O nacionalismo era alimentado pela concorrência econômica de países que, cada vez mais, investiam em armamentos pesados. Ademais, vivia no imaginário das pessoas a ideia de unificar países com povos de uma mesma origem. Tais ideologias ficaram conhecidas como pan-germanismo, nutrido pelos alemães, e pan-eslavismo, que crescia nos russos.
O cenário transformou a Europa em um barril de pólvora. Faltava apenas uma faísca para que começasse o banho de sangue. Foi em 28 de junho de 1914 que o fogo incendiou tudo. Em visita a Sarajevo, capital da atual Bósnia-Herzegovina, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, foi assassinado por Gavrilo Princip, um nacionalista iugoslavo de origem sérvia, que desejava que as províncias eslavas do sul separassem-se da Áustria-Hungria e unissem-se ao imaginário da Grande Sérvia. Não foi bem isso o que aconteceu.
O atentado de Sarajevo desencadeou uma série de invasões na Europa. O primeiro foi em 28 de julho de 1914, quando os austro-húngaros invadiram a Sérvia. Em seguida, os alemães atacaram Bélgica, Luxemburgo e França. Do outro lado, a Alemanha sofria com ataques dos russos.
Tríplice Aliança VS Tríplice Entente
Era muita bala para um lugar só. Ao mesmo tempo que atacavam, os países ficavam frágeis para defender seus territórios. Foi daí que surgiram as alianças. Com interesses em comum, alemães e italianos uniram-se ao Império Austro-Húngaro, formando a Tríplice Aliança. Em resposta, britânicos e franceses formalizaram um acordo com a Rússia, constituindo, assim, a Tríplice Entente.
E aí que voltamos ao assunto dos massacres com armas revolucionárias para a época. Antes da guerra, a Alemanha já rivalizava com o Reino Unido, pela ponta da marinha. O crescimento das tensões fez com que a busca por armas cada vez mais potentes espalhasse-se por todo o continente. Com semi-automáticas, metralhadoras e aviões, ficou muito mais fácil matar em massa.
O massacre só não foi maior porque os soldados por terra se entrincheiravam em combate, fazendo uma guerra mais lenta. Muitos acabaram morrendo com frio, fome ou por causa das condições insalubres, que se encontravam nas trincheiras.
EUA, Brasil e Tratado de Versalhes
No decorrer da guerra, as batalhas espalharam-se pelo globo. Conflitos foram travados na Ásia e na África, com forte participação dos impérios Otomano e Japonês. Na frente ocidental, os Estados Unidos também anunciaram a entrada na guerra, após terem um navio atacado por um submarino alemão.
O Brasil declarou guerra aos poderes centrais em 5 de abril de 1917, por meio do então presidente Venceslau Brás. O motivo foi o bombardeamento de um barco a vapor brasileiro, supostamente por submarinos da Alemanha. No mesmo ano, motivados pela defesa de acordos comerciais, principalmente com Inglaterra e França, os Estados Unidos entraram no conflito, ao lado da Tríplice Entente.
Tal fato marcou a vitória da Tríplice e forçou os países da Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados foram obrigados a aderirem ao Tratado de Versalhes, que lhes impunha fortes restrições. Em 11 de novembro de 1918 foi assinado o acordo de paz entre os Aliados e a Alemanha, que colocou, oficialmente, um ponto final na Primeira Guerra Mundial.
Depois de batalhas épicas e ofensivas cruciais, como a dos Cem Dias, a Tríplice Aliança começou a apresentar fraquezas. Em um ataque desesperado, os alemães ainda tentaram invadir a França, mas foram parados com a ajuda de britânicos e americanos.
O conflito teve fim em novembro de 1918, mas, de fato, não acabou. O resultado da Primeira Guerra Mundial deixou a Alemanha com um sentimento revanchista, que viria a causar a Segunda Guerra Mundial, anos depois. Para tentar impedir a nova escalada de violência, a Entente e os Aliados criaram a Liga das Nações, predecessora da ONU, que falhou no seu objetivo.