Pronomes pessoais – O que são? Caso reto e oblíquo, Exercícios Resolvidos!

Pronomes pessoais são responsáveis por representar as três pessoas do discurso. 

De modo geral pronome é uma classe de palavra responsável por indicar as pessoas do discurso, ou seja, o indivíduo que fala, o indivíduo com quem se fala ou o indivíduo ou a coisa de que se fala.

Há vários os tipos de pronome na língua portuguesa: demonstrativos, relativos, possessivos, indefinidos, interrogativos e de tratamento. Neste artigo, tratamentos de um dos mais importantes e básicos tipos de pronome: os pessoais.

 

O que são pronomes pessoais?

Os pronomes pessoais representam aqueles pronomes responsáveis por representar, na sentença, as três pessoas do discurso, ou seja, quem fala, com quem se fala ou de quem/do que se fala.

Por “pessoas do discurso”, compreendem-se as seguintes:

  • 1ª pessoa (eu e nós), indicando aquele(s) que fala(m).
    • Exemplo: “Eu andei no parque”, com “eu” fazendo referência à própria pessoa que enunciou a oração.
  • 2ª pessoa (tu e vós), indicando aquele(s) com quem se fala.
    • Exemplo: “Tu andaste no parque”, com “tu” fazendo referência à pessoa com quem o orador está falando diretamente.
  • 3ª pessoa (ele/ela e eles/elas), indicando aquele(s) de quem se fala.
    • Exemplo: “Ele andou no parque”, com “ele” indicando a pessoa de quem o orador está falando.

Vale observar que não é porque o pronome tem no nome o termo “pessoal” que ele se refere apenas a pessoas: ele pode se referir a animais, objetos, sentimentos etc.

Veja outros exemplos retirados da literatura:

  • Ele domina todo o estreito mundo como um Colosso; e nós, homens mesquinhos, sob suas pernas vamos caminhando para encontrarmos covas desonrosas” (SHAKESPEARE, W., 2014, p.23);
  • Et tu, Brute?” (Até tu, Brutus?, em tradução livre) (SHAKESPEARE, W., 2014, p.64).

Nesses exemplos, o pronome “ele” é usado para indicar a pessoa de quem se fala – nesse caso, César; o pronome “nós” é usado para determinar aqueles que falam – nesse caso, Cássio, que tem a palavra, falando pelos demais presentes; e o “tu”, proferido por César em seu leito de morte, é usado para indicar a pessoa com quem se fala diretamente – nesse caso, Brutus, que havia acabado de o apunhalar.

Porém, essas não são todas as formas dos pronomes pessoais. Vejamos, agora, as subdivisões deles.

Pronomes pessoais do caso reto

Percebera que os pronomes citados até agora desempenham na sentença o papel de sujeito. Esses pronomes, que assumem a posição do sujeito, recebem o nome de pronomes subjetivos ou mais conhecidos como pronomes do caso reto.

Os pronomes pessoais do caso reto indicam indicam diretamente as pessoas do discurso, que vimos anteriormente, substituindo os substantivos na oração.

São os pronomes do caso reto, portanto:

  • 1ª pessoa do singular: Eu;
  • 2ª pessoa do singular: Tu;
  • 3ª pessoa do singular: Ele/Ela;
  • 1ª pessoa do plural: Nós;
  • 2ª pessoa do plural: Vós; 
  • 3ª pessoa do plural: Eles/Elas.

 

O verbo da sentença deve sempre concordar com o sujeito. Portanto, desinências são adicionadas ao verbo de acordo com a pessoa, o número e o tempo verbal. Veja a conjugação do verbo andar, por exemplo:

  • Eu ando;
  • Tu /*Você andas;
  • Ela/Ela anda;
  • Nós andamos;
  • Vós/*Vocês andais;
  • Eles/Elas andam.

*”Você” e “vocês”, apesar de não serem tradicionalmente considerados pronomes pessoais, e sim pronomes de tratamento, originados da evolução de “Vossa Mercê”, já são muito mais utilizados no português falado no lugar da segunda pessoa do que o “tu”.

Vale observar que essa flexão do verbo, de acordo com o pronome, permite o sujeito ficar oculto na sentença, geralmente sem afetar o entendimento do interlocutor, como em:

  • “Andamos durante todo o dia”.

Por conta da desinência -nos do verbo, é possível inferir que o sujeito da sentença é “nós”, ou seja, aquele que está a falar e mais alguém que participou da ação.

Pronomes pessoais oblíquos

Os chamados pronomes pessoais oblíquos, também conhecidos como pronomes pessoais objetivos, têm a responsabilidade de desempenhar o papel de complemento do verbo. Eles diferem dos pronomes do caso reto por estes ocuparem a posição de sujeito, como vimos.

Os pronomes oblíquos dividem-se em dois tipos: os átonos e os tônicos.

Os pronomes oblíquos átonos são partículas que não recebem acentuação gráfica e são colocados antes ou depois do verbo, como uma sílaba extra. Sendo, portanto, os seguintes:

Pronomes pessoais

Exemplos:

  • “Cala-te, tu não sabes nada sobre esta guerra” (COUTO, M., 2007, p. 93);
  • “Vou-lhe confessar: me irrita esse Quintino é só por gosto que tenho nele. O gajo não compreende que eu lhe quero proteger” (COUTO, M., 2007, p. 129);
  • “Deixa ficar esse sujo, Romão. Meu marido confere cada mancha. É ele que me põe esses óleos para garantir-se” (COUTO, M., 2007, p. 148).

Os pronomes oblíquos tônicos, por sua vez, são sempre usados com preposições e exercem o mesmo papel na sentença, ou seja, de complemento. Sendo portanto, os seguintes:

Pronomes pessoais

*Com a junção de alguns pronomes oblíquos tônicos com a preposição “com”, formam-se vocábulos únicos, como os mencionados acima, antecedidos por asteriscos.

Exemplos:

  • “Seja sobre ti a afronta que se faz a mim” (Gênesis, 16, 3);
  • “Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo” (João, 16, 32);
  • “Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência” (Gênesis, 9, 9);
  • “Nenhuma árvore no Jardim de Deus se assemelhava a ele na sua formosura” (Ezequiel, 31, 7).

Convém observar que os pronomes pessoais do caso reto ainda recebem o nome “pronomes pessoais subjuntivos” e os pronomes pessoais do caso oblíquo o nome “pronomes pessoais objetivos”.

Que funções os pronomes pessoais desempenham na oração?

Neste tópico, veremos as principais situações em que os pronomes pessoais são empregados. Isso exigirá, entretanto, um conhecimento um pouco mais aprofundado e, portanto, será relativamente mais difícil.

Por ser um assunto mais complexo, alguns sites passam informações erradas — ou demasiadamente simplistas — afirmando, por exemplo, que os pronomes oblíquos átonos exercem única e exclusivamente a função de objeto indireto, o que não é verdade, como veremos.

Segundo Celso Cunha e Lindley Cintra (2017, p. 295-332), dois dos gramáticos cujas obras foram consultadas para este artigo, as principais funções que os pronomes pessoais desempenham nas orações, resumidamente, são as seguintes:

  • Pronomes pessoais do caso reto (ou pronome pessoal subjetivo), sendo empregados quando desempenham:
    • a função de sujeito na oração, com o verbo principal concordando, portanto, com ele;
      • Exemplo: Elas viajaram para São Paulo.
    • a função de predicativo do sujeito, atribuindo uma qualidade ao sujeito da oração, geralmente acompanhado de um verbo de ligação;
      • Exemplo: “Meu Deus!, quando serei tu?” (RÉGIO, J. apud CUNHA, CELSO, 2017, p. 295).
    • a função de um vocativo, no caso dos pronomes pessoais retos tu e vós;
      • “Ó vós, que, no silêncio e no recolhimento/Do campo, conversais a sós, quando anoitece…” (BILAC, O apud CUNHA, CELSO, 2018, p, 295, adaptado).
  • Pronomes pessoais do caso oblíquo (ou pronomes pessoais objetivos), quando o pronome desempenha a função de complemento. Faz-se a distinção entre duas formas do pronome oblíquo:
    • Pronome oblíquo tônico, quando ele tem tonicidade forte e é acompanhado de preposição. Desempenha a função de:
      • Complemento nominal:
        • Estou completamente preso a ti… (“a ti” não está modificando o verbo, mas o nome: “preso a ti”)
      • Objeto indireto:
        • Vou mostrar a ti os arredores.
      • Objeto direto, quando antecedido da preposição “a” e dependente, geralmente, de verbos que exprimem sentimentos:
        • “Paciente, obreira e dedicada, é a ela que em verdade eu amo” (RODRIGUES MIGUÉIS, J. apud CELSO CUNHA, 2017, p. 311).
      • Agente da passiva, quando o pronome oblíquo é complemento e é o responsável por praticar a ação sofrida pelo sujeito:
        • Os livros foram vendidos por ele (sendo o pronome responsável por praticar a ação de vender, que recaiu sobre o sujeito, ou seja, sobre “os livros”).
      • Adjunto adverbial, quando o pronome oblíquo é responsável por modificar o sentido de um verbo, de um adjetivo ou de um advérbio:
        • Minha palavra é final: você ficará comigo! (o pronome “comigo”, nesse caso, está modificando o sentido do verbo “ficará”)
    • Pronome oblíquo átono, quando ele não tem tonicidade, com a colocação pronominal variando de acordo com a tonicidade dos demais termos e da posição em que o pronome encontra. Ao contrário do oblíquo tônico, o oblíquo átono não é acompanhado de preposição. Podem ser empregados como:
        • Objeto direto os pronomes “o”, “a”, “os”, “as”;
          • Eu avisei-o do problema com certa antecedência.
        • Objeto indireto os pronomes “lhe” e “lhes”;
          • A mãe lhe inspirou confiança: ele estava pronto para partir.
        • Objeto direto ou indireto os pronomes “me”, “te”, “nos” e “vós”.
          • Direto: “Queria-te ver lá em cima” (LUANDINO VIEIRA apud CELSO CUNHA, 2017, p. 315).
          • Indireto: “Chamava-me o seu alferes” (ASSIS, M. de apud CELSO CUNHA, 2017, p. 315).

Exercícios Resolvidos

1. Muitas pessoas cometem equívocos na hora de empregar os pronomes EU e MIM, substituindo um pelo outro. Tendo em vista que, como vimos, EU atua na sentença como sujeito e MIM como complemento, complete corretamente as sentenças, abaixo, com um dos dois pronomes.

a) Comprarei um celular novo para ______.

b) Preciso de ajuda para ______ estudar para aquela prova.

c) Falta pouco mais de cem reais para ______ juntar dinheiro suficiente para viajar.

d) Para ______, todas as pessoas são iguais.

RESPOSTAS

a) mim

b) eu

c) eu

d) mim

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