A Santa Inquisição foi um tribunal criado pela Igreja Católica na Idade Média. A fundação do tribunal ocorreu, formalmente, em 1233, pelo Papa Gregório, apenas sendo extinto em 1821, através de uma lei. Neste período, perseguiu-se e condenou-se muitos que pensavam diferente.
Além disso, os tribunais com o objetivo de perseguir indivíduos acusados de heresia teria começado séculos antes, em 1022, na França. Desde então, o poder da Igreja Católica fez com que a condenação atingisse um incontável número de pessoas, uma vez que, segundo decreto do Papa Lúcio III, em fins do século XVII, a punição dos hereges era uma responsabilidade de autoridades do Estado.
Os interrogatórios se tornaram infames por incluírem sessões de tortura com autorização da Igreja. As execuções, por vezes, não poupavam nem mesmo crianças.
A seguir, você conhecerá um pouco mais sobre este período sombrio da história.
Perseguição a cientistas e filósofos
Os perseguidos mais famosos foram os cientistas e filósofos. Suas acusações ocorreram por defenderem ideias contrárias à doutrina cristã. Um deles foi o astrônomo Galileu Galilei, que afirmava que a Terra girava em torno do Sol e só não foi condenado à fogueira porque negou as próprias teses.
O reconhecimento, pela Igreja Católica, de que errou ao condenar Galileu à prisão, deu-se somente em 1992, pelo Papa João Paulo II.
Já o filósofo Giordano Bruno não teve a mesma sorte: sua acusação de heresia se deu por não concordar com o dogma da Trindade e com uma série de doutrinas centrais para a fé católica.
Havia, ainda, uma lista de livros proibidos pela Igreja, sendo necessário, aos demais, uma autorização para sua devida impressão e circulação.
Mulheres
As mulheres também eram vítimas da Santa Inquisição. A perseguição e a punição por bruxaria afetava todas as que fossem acusadas de oferecer cura através de chás e remédios feitos por substituições naturais.
Só que, além disso, muitas outras foram condenadas à morte por causas variadas. Uma delas foi Bridget Bishop, que, por ter uma vida independente após ter se casado três vezes, foi alvo de diversos rumores e acabou recebendo a condenação por bruxaria, ficando famosa como a primeira a ser morta entre as “Bruxas de Salém”.
Os julgamentos na cidade de Salém, no estado do Massachusetts, aconteceram entre 1693 e 1694. A acusação de envolvimento com bruxaria recaiu sobre mais de duzentas pessoas, a maioria mulheres, em um caso que se tornou emblemático do fenômeno de histeria em massa. Trinta dos indivíduos acusados foram considerados culpados e vinte deles pagaram com a execução.
Já na Europa, outra mulher famosa que enfrentou a condenação na Santa Inquisição foi Joana d’Arc. A camponesa foi líder das tropas de Carlos VII na Guerra dos Cem Anos, mas, após sua captura pelos ingleses, foi condenada à morte na fogueira por bruxaria. No julgamento, consideraram que ela usava roupas masculinas e que ouvia vozes.
Indígenas
Na América, o Brasil também foi palco de muitas condenações da Santa Inquisição. Uma das principais vítimas era o povo indígena, ocorrendo a condenação de milhares por conta dos rituais praticados e pela não-conversão ao cristianismo. Desta forma, eram punidos como hereges e demoníacos.
Nas colônias de Portugal e Espanha, a perseguição atingiu os povos originários de modo especialmente cruel. O objetivo da presença do Tribunal do Santo Ofício nas colônias era impedir ou erradicar os rituais e hábitos de povos indígenas e africanos escravizados.
Judeus
Naquele período, os judeus também foram perseguidos, principalmente na segunda metade do século XVIII. Considerados cristãos-novos, por serem recém-convertidos ao catolicismo, sofriam acusações de continuarem praticando o judaísmo de forma secreta. Essa perseguição atingiu também a muçulmanos que haviam se convertido ao catolicismo.
Ademais, a lista de condenados a Santa Inquisição ainda incluía protestantes, sodomitas (homossexuais), adúlteros e bígamos.
Para além da demonstração de força, a Igreja Católica e os monarcas adeptos à Inquisição tinham nela uma poderosa ferramenta de controle da população. Também houve obtenção de lucro, devido à apreensão das posses de pessoas executadas.
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