O lixo é responsável por um dos mais graves problemas ambientais de nosso tempo. Seu volume, principalmente nos grandes centros urbanos, é enorme e vem aumentando intensa e progressivamente, atingindo quantidades impressionantes. Na maior parte dos municípios brasileiros (cerca de 76% deles), o lixo é simplesmente jogado no solo, sem qualquer cuidado, formando os lixões, altamente prejudiciais à saúde pública.
As consequências da disposição inadequada do lixo no meio ambiente são a proliferação de vetores de doenças, a contaminação de lençóis subterrâneos e do solo, pelo chorume (líquido escuro, altamente tóxico, formado na decomposição dos resíduos orgânicos do lixo), e a poluição do ar, causada pela fumaça proveniente da queima espontânea do lixo exposto.
O lixo mundial deve ter um aumento de 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões de toneladas até o ano de 2025, segundo as estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O Brasil produz, atualmente, cerca de 228,4 mil toneladas de lixo por dia, segundo a última pesquisa de saneamento básico consolidada pelo IBGE, em 2000.
Nessa situação, a coleta seletiva de lixo aparece não como a solução final, mas como uma das possibilidades de redução desse problema. Nosso lixo é composto por diversos tipos de materiais, grande parte reaproveitável. A coleta seletiva consiste na separação de tudo que pode ser reaproveitado, enviando, posteriormente, esse material à reciclagem.
Esse processo de recolhimento é o primeiro e o mais importante passo para fazer com que vários tipos de resíduos sigam seu caminho para reciclagem ou destinação final ambientalmente correta, pois o resíduo separado deixa de ser lixo.
Primeiro, é preciso, de todas as formas, REDUZIR o lixo, REAPROVEITAR tudo o que for possível, e só depois pensar em enviar materiais para RECICLAR. Essa forma de atuação é chamada de 3 Rs, que é a letra inicial de cada uma das palavras-chave.
O que é Coleta Seletiva?
Coleta seletiva é o termo utilizado para o recolhimento dos materiais que são passíveis de serem reciclados, previamente separados na fonte geradora. A coleta seletiva tanto pode ser realizada por uma pessoa sozinha, que esteja preocupada com o montante de lixo que estamos gerando, quanto por um grupo de pessoas (empresas, condomínios, escolas, cidades, etc.).
Essa ação contribui para a minimização de resíduos, pois, é um conceito que abrange mais do que a simples coleta seletiva e envio do lixo à reciclagem. Funciona de acordo com a regra dos 3 Rs, pensando sempre na Redução do lixo, no Reaproveitamento do que for possível e no envio de materiais para Reciclagem.
Portanto, a coleta seletiva de lixo é de extrema importância para a sociedade. Uma população consciente e bem educada não gera lixo e sim materiais para reciclar, além de formar renda para milhões de pessoas e para a economia de empresas – o que também significa uma grande vantagem para o meio ambiente, uma vez que diminui a poluição dos solos e rios.
Vantagens da Coleta Seletiva
As vantagens da coleta seletiva são inúmeras! Veja alguns exemplos, abaixo:
- Diminui a exploração de recursos naturais;
- Reduz o consumo de energia;
- Diminui a poluição do solo, da água e do ar;
- Prolonga a vida útil dos aterros sanitários;
- Possibilita a reciclagem de materiais que iriam para o lixo;
- Diminui os custos de produção, com o aproveitamento de recicláveis pelas indústrias;
- Diminui o desperdício;
- Diminui os gastos com a limpeza urbana;
- Gera emprego e renda pela comercialização dos recicláveis.
Como funciona a Coleta Seletiva?
Cada tipo de resíduo tem um processo próprio de reciclagem. Na medida em que os materiais são misturados, o processo pode tornar-se mais caro ou mesmo inviável, pela dificuldade de separá-los de acordo com a sua composição.
É importante conhecer os tipos de resíduos para então destiná-los da forma correta. Confira, a seguir, algumas dicas:
- Lixo Orgânico: esse é resultado de descartes em residências, escolas, empresas e mesmo na natureza, por exemplo, cascas e restos de frutas e legumes, bem como qualquer alimento que se decomponha. É importante que o descarte desse tipo de resíduo seja feito utilizando sacos de lixo adequados e resistentes;
- Resíduos Reciclados: são resíduos reaproveitáveis, como metal, vidro, madeira, papel e plástico. É importante lavar aquilo que for de plástico, antes de jogar fora, para não atrair animais e insetos. No caso do papel ou papelão, para facilitar a coleta, lembre-se de organizar os materiais (como jornais) e desmontar as caixas, se esse for o caso. Na dúvida, verifique se existe o símbolo universal de reciclagem na embalagem.
[CONFIRA TAMBÉM: COMO IDENTIFICAR O LIXO RECICLÁVEL?]
Resíduos que necessitam de descarte especial
- Eletrônicos: esse tipo de lixo pode conter metais pesados e não pode ser descartado diretamente no meio ambiente, com riscos de contaminação do solo. O correto é procurar por empresas ou cooperativas especializadas na reciclagem desse material;
- Hospitalares: esse tipo de lixo exige tratamento diferenciado, desde a coleta, com sacos próprios para o descarte, até sua deposição final, já que podem apresentar contaminação e transmitir doenças para as pessoas que tiverem contato.
Outros exemplos de tipo de lixo são: radioativo ou nuclear (com origem em usinas nucleares) e lixo de limpeza pública (galhos de árvores, folhas, entulhos de construção, etc.).
Qual a diferença entre coleta seletiva e reciclagem?
Muitas pessoas confundem uma com a outra. A coleta seletiva é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, como papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora e que podem ser reutilizados ou encaminhados para a reciclagem. A reciclagem recupera matérias-primas, evitando que, para a produção de novos produtos, sejam tiradas da natureza.
O que é Reciclagem?
Reciclagem é a atividade de recuperação e revalorização da matéria-prima descartada, que se transforma em um novo produto, retornando ao ciclo de produção.
O seu símbolo é formado por três setas, fazendo referência a um ciclo: a primeira seta representa a indústria, que fabrica um produto; a segunda faz menção ao consumidor, que usufrui desse produto; e a terceira seta representa o retorno do produto ao ciclo produtivo, revalorizado por meio da reciclagem.
Como funciona a Reciclagem?
A reciclagem é uma atividade econômica com muitos benefícios ambientais, mas, para que ocorra com eficiência, é necessário que três etapas aconteçam:
Recuperação
As embalagens e os resíduos que descartamos todos os dias precisam de um destino correto, para que sejam tratados como matéria-prima na fabricação de novos produtos. É fundamental separar os resíduos sólidos dos orgânicos e dos sanitários. Dessa forma, os recicláveis não são contaminados e têm mais valor, viabilizando e barateando a reciclagem.
Destinando corretamente para a coleta seletiva, todo o trabalho posterior é facilitado, pois a matéria-prima reciclável ainda precisa ser separada por tipo, cor e critérios válidos, a fim de manter-se a mais próxima possível da original.
Após a triagem, os recicláveis ainda precisam ser prensados e enfardados, para ocuparem menos espaço e para que possam ser transportados.
Revalorização
Garrafas de plástico são moídas, voltando a serem grãos, como a matéria-prima original do plástico. Papéis são triturados e misturados à água, até se parecerem com pasta de celulose. Metais e vidros são derretidos, ficando prontos para fundição.
A revalorização pode ser feita de muitas formas, de acordo com o material e a finalidade que se quer dar a ele. São processos industriais, que precisam de muitas toneladas de matéria-prima para viabilizar economicamente máquinas, equipamentos e profissionais.
Transformação
Com os materiais prontos, é possível fabricar um novo produto, fechando o ciclo da reciclagem.
O que não pode ser reciclado?
Existem alguns materiais que não podem ser reciclados, sendo os mais conhecidos:
- Papéis não recicláveis: adesivos, etiquetas, fita crepe, papel-carbono, fotografias, papel toalha, papel higiênico, papéis e guardanapos engordurados, papéis metalizados, parafinados ou plastificados;
- Metais não recicláveis: clipes, grampos, esponjas de aço, latas de tintas, latas de combustível e pilhas;
- Plásticos não recicláveis: cabos de panela, tomadas, isopor, adesivos, espuma, teclados de computador, acrílicos;
- Vidros não recicláveis: espelhos, cristais, ampolas de medicamentos, cerâmicas e louças, lâmpadas, vidros temperados planos.