Entre tantos movimentos que marcaram a história, a Reforma Protestante destaca-se por ser um movimento de caráter religioso, que conseguiu marcar a passagem do mundo medieval para o mundo moderno.
É claro que ela pode não ser só definida como um movimento religioso, mas também como momento que alcançou legados positivos na política, na área social e na cultural da época.
Conheça mais sobre o que foi a Reforma Protestante, como ela ocorreu e suas razões.
O que foi a Reforma Protestante?
De maneira bem resumida, a Reforma Protestante foi um vigoroso movimento de revitalização da igreja cristã, tendo ocorrido na Europa setentrional, durante o século XVI e início do século XVII.
O processo de centralização da monarquia que dominava a Europa desde o fim da Idade Média fez com que a relação entre reis e a Igreja ficasse tensa. Até aquele momento, era a Igreja Católica a responsável por centralizar o domínio espiritual sobre a população, além do poder político-administrativo dos reinos.
Com posse de grandes extensões de terra, a Igreja recebia tributos feudais, que eram controlados em Roma pelo Papa. Quando houve fortalecido do Estado Nacional Absolutista, a ação começou a ser questionada pelos monarcas que já desejavam reter esses impostos no reino.
Não eram só os monarcas que estavam descontentes com a Igreja, mas também os camponeses, afinal os bispos e abades viviam às custas das pessoas do campo e da cidade.
Como ocorreu a Reforma Protestante?
A Reforma Protestante começou com esporádicos protestos contra certos ensinos e práticas da Igreja Medieval, ainda nos séculos XIV e XV, porém seu ato maior foi somente a partir do século seguinte, graças a vários personagens importantes, como o alemão Martinho Lutero.
Essa transformação religiosa fez com que se rompesse a unidade do Cristianismo no Ocidente, exatamente no dia 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero fixou na porta da igreja de Wittenberg as “Noventa e Cinco Teses” – uma forma de criticar as práticas da Igreja Católica.
Essa ideia de pregar na porta da igreja foi justamente para que seus alunos lessem e discutissem sobre o assunto.
Contudo, tiveram uma ideia ainda mais ousada: alguns deles fizeram cópias e leram para a população, espalhando as censuras à Igreja Católica.
Em 1520, Lutero ficou ainda mais popular na Alemanha, com suas obras “À Nobreza Cristã da Nação Alemã”, “O Cativeiro Babilônico da Igreja” e “A Liberdade do Cristão”. Esse ato considerou-o como um herege, que, no entanto, foi acolhido pela nobreza alemã.
A Reforma Protestante teve diversas manifestações em várias outras partes da Europa, todas elas com características bem diferentes, afinal, cada reformador possuía personalidade e ênfase distintos, bem como as próprias peculiaridades culturais e as realidades política de cada nação.
Um exemplo merecido de destaque é na Inglaterra: foram os monarcas Henrique VIII, Eduardo VI e, em especial, Elizabete I, que conseguiram a implantação da Reforma Protestante, por causa de sua teimosa interferência.
A relevância da Reforma Protestante
A história da Reforma Protestante do século XVI foi bem complexa, pois incluiu aspectos políticos, intelectuais e sociais. Entretanto, o principal fator ainda foi o religioso, já que o intuito era a busca de um novo entendimento sobre a relação entre Deus e os seres humanos.
A Reforma Protestante teve como base três pressupostos fundamentais:
- A centralidade da Escritura:
Os reformadores estudaram, pregaram e traduziram a Palavra de Deus, para que ela fosse conhecida das pessoas, pois acreditavam que a Escritura era o padrão básico da fé e da vida cristã.
- A justificação pela fé:
A salvação, de acordo com os reformadores, é inteiramente uma dádiva da graça de Deus e é recebida por meio da fé.
- O sacerdócio de todos os crentes:
Os reformadores eliminaram a distinção que antes existia na Igreja Medieval (de que um lado estava o clero, os religiosos, a hierarquia, a instituição eclesiástica, enquanto do outro estavam os fiéis, os cristãos comuns, os leigos). Para os reformadores, todas as pessoas são sacerdotes do Altíssimo.
Atualmente, a Reforma Protestante é bastante reduzida em termos de valorização e celebração, se comparada com épocas anteriores. Dos grupos iniciais da Reforma, criados no século XVI, ainda restam quatro: os luteranos, os calvinistas, os anabatistas e os anglicanos.
Entre esses quatro grupos, os luteranos e os calvinistas são os que mais comemoram o evento do dia 31 de outubro de 1517 e suas amplas consequências.
A Reforma Protestante contribuiu para o pensamento moderno, de várias formas diferentes, por exemplo:
- Ênfase à participação responsável dos fiéis na vida e na direção das igrejas;
- Questionamento do autoritarismo religioso medieval;
- Estilo participativo de liderança;
- Valorização do trabalho e de qualquer ocupação honesta que contribua para fortalecer as ideias de liberdade, solidariedade social e democracia.
Além disso, os distintos reformadores e os seus seguidores promoveram importantes contribuições nas áreas de política, filosofia, teologia, sociologia e ética.