Na língua portuguesa, existe um campo muito importante chamado regência, que estuda as relações de concordância entre os nomes (ou verbos) e os termos que finalizam o seu sentido. Ou seja, a Regência estuda a relação de subordinação que acontece entre um verbo (ou nome) e seus complementos.
Em nosso idioma, a regência é fundamental por conta de muitas palavras não possuírem um sentido completo. Com essa classe gramatical, cria-se uma relação entre um termo principal (chamado de termo regente) e o complemento (conhecido como termo regido).
Entenda mais sobre os dois tipos de regência: a verbal e a nominal, como elas são caracterizadas e exemplos para melhor entendimento!
O que é regência verbal?
A regência é, como dito, a relação de complementação entre os termos da oração, afinal, as palavras são interdependentes.
A regência verbal é um dos tipos de regência e define-se como a relação entre os verbos e os termos que os complementam (tanto objetos diretos quanto objetos indiretos) ou caracterizam (no caso, os adjuntos adverbiais).
Veja um exemplo:
“Os estudantes participaram do simulado.”
Note que o verbo “participar” exige um objeto indireto, que está antecedido da preposição “de + o = do”. Por isso, “participaram” é o termo regente, “do” é a preposição e “simulado” é o termo regido.
Dentro da regência verbal, os verbos podem ser intransitivos e transitivos. Os primeiros são aqueles que não exigem complemento, pois fazem sentido por conta própria. É claro que, em algumas situações, você pode notar que eles estarão acompanhados de adjuntos adverbiais, mas são elementos que não podem ser tidos como objetos.
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Já os segundos necessitam de complemento, pois não têm um sentido completo. Veja exemplos para ambos os tipos:
- “Paula mora em outro país”: o verbo morar é um verbo transitivo indireto, pois exige preposição;
- “Esqueci o meu celular”: o verbo esquecer é um verbo transitivo direto, não necessitando de preposição;
- “Choveu muito ontem”: note o uso de um adjunto adverbial de intensidade (“muito”) e de tempo (“ontem”), fazendo o verbo “chover” ser intransitivo.
Uma dica para reconhecer os verbos transitivos diretos é realizar perguntas. Como no exemplo acima, “esqueci o meu celular”, faça a pergunta: “esqueci o que?”, e a resposta será o objeto direto.
Lembre-se sempre que os verbos transitivos indiretos irão precisar de preposição para que se estabeleça uma relação de regência. É também possível fazer perguntas para reconhecer se o verbo é ou não transitivo indireto, pois da mesma forma que ele exige o uso de preposição na pergunta, o objeto indireto também precisará usar uma preposição para responde-la.
O que é regência nominal?
A regência nominal determina a relação entre um nome (adjetivo, substantivo ou advérbio) e os termos regidos por tal nome. Tal relação é sempre intermediada pelo uso de uma preposição, ou seja, o vínculo entre o nome regente e o termo regido se estabelece por meio de uma preposição.
Confira alguns exemplos:
- “Eu estava ansioso para ler aquele livro”;
- “Isso é acessível para você”;
- “Estou acostumada a comer pouco”;
- “A professora estava alheia a tudo”;
- “Ele está apto ao trabalho”;
- “Paulo tem aversão a pessoas”.
O conhecimento da preposição é a característica mais importante na regência nominal. O complemento nominal, nessa categoria de regência, pode ser um pronome, um numeral, um substantivo, uma palavra substantivada ou, até mesmo, uma expressão substantivada.
Saber qual é a regência correta facilita a modalidade escrita. Por isso, é interessante que você conheça os nomes e as preposições que são comumente exigidas. Veja alguns desses nomes regentes com suas preposições, para ter uma ideia de como deve utilizá-los:
- Acostumado a;
- Acostumado com;
- Admiração a;
- Admiração por;
- Agradável a;
- Aversão a;
- Aversão para;
- Aversão por;
- Capacidade de;
- Capacidade para;
- Escasso de;
- Fácil de;
- Horror a;
- Impaciência com;
- Liberal com;
- Longe de;
- Medo de;
- Natural de;
- Obediência a;
- Paralelo a;
- Perto de.
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Uma observação importante é que os advérbios terminados em “-mente” têm o costume de seguir o mesmo princípio dos adjetivos de que são formados. Por exemplo: “paralelo a” e “paralelamente a”.
O estudo e emprego da regência, seja ela nominal ou verbal, tem como um fator importantíssimo o conhecimento das preposições, afinal elas são capazes de mudar totalmente o sentido da oração. Tenha em mente, ainda, que um mesmo complemento não pode ser atribuído a verbos de regências distintas, observando também os verbos que mudam de regência ao mudar de sentido!
A maior recomendação para que você saiba utilizar as preposições do modo correto, sem que haja equívocos no sentido da frase, é tornar a leitura um novo hábito/estilo de vida.