Um dos pensadores mais influentes da história europeia, René Descartes foi um filósofo, físico e matemático francês, considerado o “fundador da filosofia moderna”.
Suas obras contribuíram tanto para o estabelecimento de métodos científicos, quanto para o desenvolvimento da filosofia e da matemática.
Biografia
Descartes nasceu em 31 de março de 1596, em La Haye en Touraine (atualmente Descartes), França. Aos oito anos, ingressou no colégio jesuíta Henry Le Grand. Posteriormente, estudou Direito na Universidade de Poitiers.
Em 1618, viaja para Holanda para se alistar ao exército do príncipe Maurício de Orange. Lá, conheceu Isaac Beeckman, um matemático e filósofo de quem recebeu forte influência.
Após algum tempo servindo nas tropas, volta para França em 1622, vivendo em Paris até 1629, quando volta a viver na Holanda, passando a se dedicar ao desenvolvimento de suas ideias sobre filosofia e matemática.
O conjunto de seus pensamentos passou a ser conhecido como Cartesianismo, por causa de seu sobrenome em latim, Cartesius.
Racionalismo
Descartes vivia em uma época na qual o pensamento religioso era dominante. Para romper com essa tradição, segundo ele, era preciso priorizar a razão como caminho para a busca pela verdade, tendo a dúvida como o primeiro passo a ser dado nesse sentido. Essa forma de pensar ficou conhecida como Racionalismo, da qual Descartes é um dos principais expoentes.
Ceticismo metodológico
Tendo a razão como guia principal, Descartes desenvolve uma metodologia chamada de Ceticismo Metodológico, na qual é necessário duvidar de tudo aquilo que não é evidente, e só se pode dizer que algo existe quando esse algo pode ser provado.
Para provar o método, Descartes afirmava a sua mais famosa frase: penso, logo, existo (em latim cogito, ergo sum), pois, para existir pensamento, é preciso que exista um ser pensante, uma vez que ambos não podem ser separados.
O método consiste em 4 regras principais:
- Verificar se existem evidências reais a respeito do que se quer estudar;
- Analisar o objeto, dividindo-o em partes para estudá-lo mais especificamente;
- Sintetizar (agrupar) as partes estudadas, formando novamente um todo;
- Enumerar as conclusões e os princípios utilizados, revisando o processo.
Plano cartesiano
Descartes também contribuiu para a matemática, ao criar a chama Geometria Analítica, unindo geometria e álgebra para solucionar problemas matemáticos, por meio de um sistema de coordenadas conhecido como Plano Cartesiano, fundamental para o desenvolvimento da matemática moderna.
Medicina
Descartes também tentou contribuir para o conhecimento da medicina da época. Ele acreditava que o corpo humano era formado por matéria física, com propriedades comuns a qualquer matéria e, por isso, sujeito às leis que regem a física. Dessa forma, buscou promover a separação entre corpo e alma.
Principais obras
O discurso do método
A principal obra de Descartes, publicada em 1637, é também o melhor caminho para entendermos a complexidade do pensamento do filósofo. É nesta obra que Descartes define quais são os métodos e a forma de se atingir a verdade.
A obra é dividida em seis partes, nas quais o autor discorre sobre regras e aplicações metodológicas, moral e sua visão sobre a dualidade corpo-espírito. Revela, ainda, seu desapontamento com a tradição escolástica que aprendeu quando estudava em Henry Le Grand.
Meditações metafísica
Nesta obra, publicada em 1641, o autor aprofunda as reflexões propostas no Discurso do Método. Descartes apresenta seis meditações, nas quais discorre a respeito daquilo que, em seu entendimento, pode ser conhecido com segurança.
Também, apresenta sete objeções feitas por pensadores da época, como o inglês Thomas Hobbes, as quais Descartes tenta responder.
As paixões da alma
Última obra de Descartes, publicada em 1649 e dedicada a Elizabeth da Boêmia, trata das diferentes percepções ou sensações das almas humanas, tentando explicá-las. Para ele, emoção difere de paizão, pois enquanto a emoção é produzida pelo sujeito, a paixão é sofrida pelo sujeito.
Morte e legado
Em 1649, Descartes foi convidado pela rainha Cristina, da Suécia, para trabalhar como seu professor. No ano seguinte, acometido de uma pneumonia, faleceu, em 11 de fevereiro de 1650. Inicialmente enterrado em Estocolmo, seus restos mortais foram levados para Paris, em 1667.
As obras de Descartes foram perseguidas pela igreja, por romperem com o pensamento religioso. Seu racionalismo sofreu críticas de empiristas como John Locke e David Hume, mas sua influência e contribuição para a filosofia, matemática e ciências são inegáveis.