É chamada de República Velha o período que vai da Proclamação da República, em 1889, até a Revolução de 1930, que marca o início da Era Vargas, também chamada de República Nova.
Conhecida como Primeira República Brasileira, esse período foi marcado por uma série de revoltas e protestos, terminando com um golpe de estado.
Início da república
A proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, pôs fim ao regime monárquico no Brasil. Pela primeira vez em sua história, o país teria um governo republicano, porém, longe de ser pacífico e harmônico.
Os historiadores costumam dividir o período em dois momentos distintos: um primeiro governo feito por militares, conhecido como República da Espada, e um segundo, civil, no qual a elite da época se alternava no poder, conhecido como República Oligárquica.
República da Espada
Após a proclamação da República, um governo provisório foi instituído com o intuito de governar até que uma constituição fosse elaborada, e eleições para o governo definitivo acontecessem.
O primeiro presidente do Brasil foi o Marechal Deodoro da Fonseca, militar condecorado, herói de Guerra do Paraguai e figura chave nos acontecimentos de 15 de novembro.
Seu governo autoritário foi marcado por rivalidades com outros militares, conflitos com o congresso e fracasso no âmbito da economia. Pressionado por todos os lados, renunciou em 23 de novembro de 1891.
Em seu governo destacam-se, entre outras decisões, a federalização dos estados, a separação entre estado e igreja, tornando o país um estado laico, e a institucionalização do casamento civil.
Após a renúncia de Deodoro, o vice-presidente Floriano Peixoto, também militar, assume o governo, com a missão de controlar levantes, como a Revolta Federalista, e impedir qualquer possibilidade de retorno à monarquia.
Ao mesmo tempo, buscando apoio popular, criou algumas medidas, como a redução de impostos. A República da Espada chegou ao fim com as eleições de 1894, que elegeram o primeiro presidente civil, Prudente de Morais.
República Oligárquica
Iniciado por Prudente de Morais, esse período da república foi fortemente marcado por uma prática que ficaria conhecida como a “política do café com leite”. Ela se fortaleceu ainda mais com a eleição de Campos Sales, em 1898.
Tal forma de governar era um acordo informal, feito pelo Partido Republicano Paulista (PRP) e pelo Partido Republicano Mineiro (PRM), entre as elites oligárquicas de São Paulo (grandes produtores de café) e Minas Gerais (grandes produtores de leite), representantes dos estados mais ricos do país que, por meio deste, se revezavam no poder.
Para que essa política funcionasse a cada eleição, era preciso que houvesse um acordo entre o Governo Federal e os governadores. Funcionava da seguinte forma: o presidente não interferia nos assuntos internos dos estados, em troca, os governadores apoiavam o presidente. Esse acordo ficou conhecido como a “Política dos governadores”.
Além disso, nas áreas mais afastadas dos grandes centros, quem exercia a autoridade eram os grandes proprietários de terras, os chamados “coronéis”. Esses homens, alinhados aos políticos no poder, determinavam, de acordo com seus próprios interesses, como seria o voto nas comunidades. As pessoas eram, de modo coercitivo, levadas a votarem no candidato escolhido pelo coronel, sob pena de sofrerem algum tipo de perseguição ou violência. Era o chamado “voto de cabresto”.
Essas práticas foram constantes em toda o período oligárquico, aumentando ainda mais a desigualdade entre ricos e pobres e, aliada a outros fatores (como a Primeira Guerra Mundial), gerando descontentamento geral.
Como consequência, várias revoltas surgiram ao longo dos anos. A Guerra de Canudos, a Revolta da Vacina, a Revolta da Chibata, a Guerra do Contestado e o Tenentismo foram alguns dos levantes com os quais o governo Federal teve que se ocupar.
Washington Luís
O último presidente do período oligárquico assumiu em 1926. Em seu governo, investiu na construção de diversas estradas, criou a Polícia Rodoviária Federal e o Conselho de Defesa Nacional, e enfrentou os problemas econômicos gerados pela Crise de 1929.
Presidentes da República Velha
- Deodoro da Fonseca (1889 -1891);
- Floriano Peixoto (1891-1894);
- Prudente de Morais (1894 -1898);
- Campos Sales (1898 -1902);
- Rodrigues Alves (1902 -1906);
- Afonso Pena (1906 -1909, morreu durante o mandato);
- Nilo Peçanha (1909 – 1910, vice de Afonso Pena);
- Hermes da Fonseca (1910 -1914, sobrinho de Deodoro da Fonseca);
- Venceslau Brás (1914 – 1918);
- Rodrigues Alves (1918 – 1919 – morreu durante o mandato);
- Delfim Moreira (1919, vice de Rodrigues Alves);
- Epitácio Pessoa (1919 – 1922);
- Artur Bernardes (1922 – 1926);
- Washington Luís (1926 – 1930);
- Júlio Prestes (1930, não assumiu o cargo).
Fim da República Velha e início da Era Vargas
Em 1929, quebrando a tradição da “política do café com leite”, paulistas apoiaram a candidatura de Júlio Prestes à presidência, provocando a revolta dos políticos mineiros. Esses, por sua vez, apoiaram o candidato do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas.
Júlio Prestes venceu as eleições, mas não chegou a assumir o cargo. Alegando fraude nas eleições (e incentivado pelo assassinato de João Pessoa, seu candidato a vice), Getúlio Vargas, com o apoio dos estados de Minas Gerais e Paraíba, inicia uma revolta armada, conhecida como a Revolução de 1930, pondo fim à República Velha.