A Revolução de 32 foi um movimento armado, organizado pelos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, com o objetivo de derrubar o governo provisório que ocupava o poder desde 1930, e que tinha no comando Getúlio Vargas.
É considerada por muitos historiadores como um dos maiores conflitos da história brasileira.
Contexto da Revolução
Na segunda metade do século XIX, São Paulo e Minas Gerais viviam um período de grande prosperidade, graças à produção de café e leite por esses estados, respectivamente. Os dois estados mais ricos do país também exerciam forte influência no cenário político, com a implantação da chamada “política do café com leite”. Por essa política, que teve início no governo de Campos Sales (1898-1902) e que era feita por acordos e pressão, os presidentes do país se alternavam entre um político paulista e um mineiro.
Em 1929, quebrando essa tradição, Washington Luís apoiou a candidatura de Júlio Prestes à presidência, provocando a revolta dos políticos mineiros. Estes, por sua vez, apoiaram o candidato do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas. Júlio Prestes venceu as eleições, mas não chegou a assumir o cargo. Alegando fraude nas eleições (e incentivado pelo assassinato de João Pessoa, seu candidato a vice), Getúlio Vargas, com o apoio dos estados de Minas Gerais e Paraíba, inicia uma revolta armada, conhecida como a Revolução de 1930, pondo fim à República Velha.
Vargas assumiu a presidência do governo provisório nacional em novembro de 1930 com amplos poderes, mas com a promessa de convocação de novas eleições e a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte para a promulgação de uma nova Constituição, algo que não aconteceu.
O estopim
Em 1932, uma série de manifestações foram feitas contra o governo provisório, visto naquele momento como uma ditadura. Em uma delas, em 23 de maio, quatro estudantes foram mortos a tiros por partidários do governo. Essas mortes deram origem ao MMDC (sigla referente aos quatro estudantes mortos), um movimento de oposição que passou a fomentar um levante armado contra o governo provisório, ganhando a adesão de vários partidos políticos e setores da sociedade paulistana.
O início da revolução
O conflito teve início em 9 de julho de 1932, na cidade de São Paulo, com o engajamento da Força Pública de São Paulo, das unidades do Exército da 2ª Região Militar e dos grupos civis armados – que ocuparam as principais estações ferroviárias, os quartéis e os prédios públicos -, da companhia telefônica, da sede dos correios e dos telégrafos, das principais estações do telégrafo, das rádios e dos jornais paulistanos. Ainda nas primeiras horas do movimento armado, houve a tomada da guarnição do aeródromo Campo de Marte, do quartel do 4º R.I. sediado em Quitaúna e ainda da sede da 2ª Região Militar.
O movimento também agiu em várias localidades pelo interior do estado de São Paulo, com a tomada pelos revolucionários de posições estratégias para garantir o pleno controle do estado, como pontes, portos, aeródromos e estradas de acesso ao estado. As forças revolucionárias acreditavam que, quando o levante ocorresse, ganhariam a adesão de vários estados, mas nos dias que se seguiram, somente os estados do Mato Grosso e do Rio Grande do Sul aderiram.
Porém, com o argumento de que os paulistas buscavam a separação do restante do país, e de que as eleições já estavam marcadas, Getúlio Vargas conseguiu enfraquecer o movimento, evitando a adesão de outros estados, e ainda garantindo o fim da revolta em Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Sem a ajuda esperada, os paulistas se prepararam para enfrentar a luta sozinhos. Mais de 200 mil pessoas se alistaram para combater, sobretudo nas regiões fronteiriças do estado. Porém, a força de combate não tinha equipamento suficiente e, com as fronteiras fechadas, tão pouco podia receber suprimentos.
Sozinhos, cercados, com poucos recursos e enfrentando uma força muito maior, os paulistas só conseguiram estender a luta até o início de outubro, quando foi assinada a rendição.
Consequências do conflito
A maioria dos líderes da revolução foi mandada para o exílio, em Portugal. Os paulistas tiveram, aproximadamente, mais de mil mortos nos combates, dos quais 713 estão enterrados no mausoléu do Obelisco do Ibirapuera, monumento que homenageia a revolução. Não há estimativa oficial sobre as mortes nas tropas federais.
A Revolução de 32 foi mantida na memória como um dos fatos mais importantes da história do Estado de São Paulo, com a instituição de um feriado na data em que o conflito começou, com a homenagem feita pelo monumento do Obelisco e pelas inúmeras obras literárias e televisivas que trataram do tema.
Conheci o canal há pouco tempo, estou gostando muito. Espero aprender muito aqui,obrigada.