Sacro Império Romano-Germânico foi um complexo de territórios e etnias localizado na Europa Central, surgido no ano 800, desenvolvendo-se durante a Alta Idade Média e Idade Moderna até sua dissolução em 1806.
No auge, esse império se estendia pelos atuais territórios pertencentes à Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, República Checa e República Eslovaca, bem como a partes da França, Polônia e norte da Itália.
Origem do Sacro Império
Em 24 de dezembro do ano 800, Carlos Magno, Imperador Carolíngio e principal figura de poder na Europa, foi coroado pelo papa Leão III como imperador do Sacro Império Romano Germânico, título que o colocava na posição privilegiada de herdeiro do Império Romano e de protetor e aliado da Igreja Católica.
Após a morte de Carlos Magno, o título passou para seu filho Luís, o Piedoso, e posteriormente, para o neto de Carlos, Lotário. Até então, o Sacro Império não existia de fato, resumindo-se a um título, a despeito de todo poder que dele provinha. A história começa a mudar a partir da coroação de Oto I.
Fim do Império Carolíngio e a volta do Sacro Império
Os reis francos tinham o costume de dividir o reino entre os filhos. Isso gerava uma série de conflitos entre os herdeiros que, na maioria das vezes, não concordavam com a divisão e acabavam lutando entre si na tentativa de conseguir mais poder. Com a morte de Carlos Magno, o reino ficou para seu filho, Luís, o Piedoso, que por sua vez, teve o reino dividido entre seus filhos da seguinte forma, pelo Tratado de Verdum:
- Carlos, o Calvo, ficou com a chamada Frância Ocidental, que dará origem à França atual ;
- Luís, o Germânico, ficou com a Frância Oriental, território que dará origem à futura Alemanha;
- Lotário ficou com a chamada Frância Central, também conhecida como Lotaríngia.
O domínio franco na Frância Oriental acabou em 911, com a morte do último rei de origem franca. Quem sobe ao poder foi Henrique, duque da Saxônia, que governa até 936, deixando o poder para seu filho Oto I.
No início dos anos 960, atendendo a um pedido de ajuda do João XII, Oto intervêm militarmente na Itália. Em contrapartida, foi coroado em 2 de fevereiro de 962 pelo próprio papa. A partir desse momento, o título passa a ser utilizado pelos monarcas da antiga Frância Oriental, que, agora, responderá como Sacro Império Romano Germânico.
A administração imperial
O Sacro Império tinha uma configuração diferente da que se apresenta na maioria das monarquias europeias. A fragmentação vista na Frância Oriental ainda no período carolíngio era muito forte. Além disso, o cargo de imperador romano sagrado era tradicionalmente eletivo, embora frequentemente controlado por dinastias. Os príncipes-eleitores alemães, nobres de maior poder dentro do império, geralmente elegiam um dos seus pares como “Rei dos Romanos” e mais tarde este seria coroado como imperador pelo Papa.
Assim, o sacro imperador romano germânico era escolhido por votação para comandar um território extremamente fragmentado, composto por centenas de subunidades: principados, ducados, condados, cidades imperiais livres e outros domínios.
O poder do imperador era limitado e descentralizado, apesar dos vários príncipes, senhores, bispos e cidades do império serem vassalos que deviam a obediência ao imperador. De fato, eles possuíam também uma extensão de privilégios que lhes conferiam certa autonomia em seus territórios. Ainda assim, o império se manteve mais ou menos estável até a deflagração da Guerra dos 30 anos.
Decadência do Império
A Paz de Vestfália, tratado que acabou com a Guerra dos Trinta Anos, em 1648, deu aos vários territórios do império autonomia quase que completa. Esse processo se intensificou ainda mais ao longo do século XVIII, sobretudo com o crescimento do Reino da Prússia e do Império Austro-Húngaro, que rapidamente se tornaram o principal centro de poder dentro do império.
Já esvaziado de poder, o último imperador, Francisco II (também imperador da Áustria e Hungria), dissolveu o que restava do império em 1806.
A Prússia e o Império Austro-Húngaro passaram a competir pelo poder dos territórios germânicos. O Reino da Prússia vai unificar vários dos pequenos estados alemães na formação da Alemanha, em 1871, e o Império Austro-Húngaro chegará ao fim após a Primeira Guerra Mundial.