Nós, nativos da língua portuguesa, estamos acostumados a lidar o tempo todo com a nossa própria forma de comunicação, pelo nosso idioma, usando linguagem escrita ou oral.
Dentro da linguística (ciência que estuda a linguagem), entender o significado de cada mensagem que trocamos como meio de comunicação é de responsabilidade da Semântica.
Entenda, aqui no Gestão Educacional, tudo sobre esse ramo da ciência, como conceitua-lo, quais são suas características e outras definições que fazem da semântica um objeto de estudo fundamental para qualquer idioma.
O que é Semântica?
A semântica é amplamente conhecida como o “estudo do significado”, porém isso é muito vago e precisa de um entendimento mais amplo. A semântica, de acordo com muitos cognitivistas, pode ser considerada o núcleo da gramática. Como isso não é um consenso, é mais fácil identificar a semântica como o “estudo do significado linguístico”.
Ou seja, a semântica tem como finalidade estudar o significado e a interpretação do significado de um vocábulo da língua. É um modo de dizer que o trabalho da semântica consiste em explicar o significado de uma mensagem (o que é transmitido) – e, em partes, isso pode ser feito olhando para as palavras que compõem as mensagens.
Os diferentes aspectos do significado são propícios para uma alteração linguística relacionada à semântica – fazendo com que essa ocorra em duas vertentes: a subtração de significado (quando um objeto ou item se torna menos lexical e mais gramaticalizado) e a adição de significado (quando um objeto ou item se torna mais polissêmico).
Existem seis causas associados à mudança de significado:
- Linguísticas;
- Históricas;
- Sociais;
- Psicológicas;
- Influências estrangeira;
- Necessidades de novas nomenclaturas.
A semântica ainda estuda as alterações de sentido que acometem as formas linguísticas por conta de inúmeros fatores, como o próprio espaço geográfico e o tempo.
Características da Semântica
Para o estudo dos significados das palavras e da interpretação das frases, a semântica conta com alguns pilares muito interessantes, afinal, não somente basta se atentar ao significado das palavras, mas também ao seu valor semântico, às relações semânticas entre frases e à construção semântica do texto.
É claro que, com o foco mais direcionado à significação das palavras, a noção básica de traços semânticos se dá a partir da decomposição do significado de uma palavra, apurando as principais relações semânticas entre elas.
Sabe quais são?
- Relações hierárquicas: hiperonímia/hiponímia;
- Relações parte-todo/todo-parte: meronímia/holonímia;
- Relação de equivalência: sinonímia;
- Relação de oposição: antonímia.
Na parte relacionada ao valor semântico de uma frase, isto é, explicar e interpretar uma frases terá como base algumas informações relativas, como o caso dos papéis temáticos dos argumentos, o valor de polaridade, o valor modal expresso pelo locutor, entre outros.
Já nas relações semânticas entre as frases, destacam-se a paráfrase, a implicação, a contradição e a pressuposição.
Não vale esquecer que, na construção de um texto, alguns mecanismos linguísticos são utilizados, como a coesão e a coerência.
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Semântica e suas relações com o significado de uma palavra
Como comentado anteriormente, a semântica age conforme alguns traços semânticos, que auxiliam nas principais relações entre as palavras.
Na lista acima, estão presentes as relações semânticas mais importantes do português e que merecem atenção dobrada na hora de construir um texto ou de interpretá-lo:
Hiperonímia e hiponímia
Essas duas expressões parecem assustadores, entretanto, basta pensar nelas como conjuntos e subconjuntos (como na matemática). É simples, levando-se em consideração o prefixo das duas palavras, você percebe a ideia que elas estão tentando passar. A hiperonímia designa a ideia de um todo – desse todo irá se originar quaisquer ramificações, que, no caso, é a hiponímia, pois ela representará cada parte de um todo.
Por exemplo: pense na palavra calçados – ela se enquadra como uma hiperonímia, pois pode ramificar-se em “sandálias”, “chinelos”, “tênis”, “alpargatas”, “sapatilhas”, etc. Assim, essas serão palavras hipônimas.
Meronímia/holonímia
A meronímia e a holonímia abordam uma relação de parte e todo ou vice-versa, entre duas unidades lexicais.
Objetivamente falando, a holonímia se configura como o todo pela parte, isto é, é uma palavra em relação às suas partes. Já a meronímia descreve a parte pelo todo: a parte por si, fazendo relação semântica com o todo.
Por exemplo, a palavra “corpo” se enquadra como holonímia, pois logo está relacionada às suas partes: cabeça, braços, pernas, etc. Nesse caso, “cabeça”, “braços” e “pernas” são termos merônimos.
Relação de equivalência e oposição
Como uma das partes mais estudadas da semântica no ensino brasileiro, a sinonímia e a antonímia são áreas relativamente fáceis do aprendizado.
A sinonímia é a parte da semântica que estuda as palavras sinônimas, ou seja, as palavras que possuem significado ou sentido similar, que representam praticamente a mesma ideia.
A antonímia é o contrário da sinonímia, sendo o estudo das palavras que possuem significados completamente distintos – opondo-se umas às outras ou negando-lhes o significado.
Por exemplo: os termos “correto” e “certo” são vistos como sinônimos, enquanto que “direita” e “esquerda” têm sentidos totalmente diferentes.