Sociologia da juventude – O que é? Resumo, Papel e Exemplos

A juventude passou séculos relegada a um segundo plano na sociedade. As transformações sociais e os movimentos dentro do tecido social pouco levavam em conta o que indivíduos dessa faixa etária pensavam e sentiam. Isso começou a mudar apenas a partir do século XX, com mudanças consideráveis e importantes na visão sobre o jovem.

A superação da ideia de sujeito imaturo, inconsequente e de pouca responsabilidade foi aos poucos sendo deixada de lado, para incorporar a sua voz dentro do processo participativo e decisório da sociedade. Claro que ainda falta um longo caminho para isso se consolidar definitivamente, e movimentos de recuo põem em risco a concretização desse caminho.

Nos estudos sociológicos, a juventude ganhou um papel cada vez mais relevante, com reflexões e produção escrita que buscam entender e renovar esse olhar sobre os jovens. Neste artigo, vamos abordar mais sobre o histórico da juventude na Sociologia e os conceitos que têm ajudado a criar um entendimento maior sobre esse tema. Só aqui no Gestão Educacional!

Sociologia da juventude

História da Sociologia da juventude

Os jovens começaram de fato a serem mais notados pela sociedade a partir dos anos 1960, graças às intensas manifestações culturais e políticas geradas por grandes massas de rapazes e moças em busca de direitos e uma vida mais solidária.

O movimento hippie é um grande exemplo disso, ao pregar o “paz e amor” e criticar os padrões e valores morais e também o consumismo potencializado naquela época. A crítica às guerras também era forte. Tudo embalado pelo rock and roll e por muitos alucinógenos.

Na década seguinte, ocorreu um movimento contra essa juventude hippie, com jovens mais conservadores e antitransgressores. Do outro lado, o movimento punk continuou criticando o sistema, ainda que pregando questões mais radicais e distintas. O crescimento do capitalismo e a necessidade de se qualificar para enfrentar a nova realidade fez surgir a Geração Yuppie nos anos 1980, mais conectada com o mundo do trabalho e focada na busca por uma vida material confortável.

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O fim da Guerra Fria, a vitória do capitalismo e o surgimento da globalização afetou todo mundo, incluindo os jovens. O aumento no acesso à informação que a globalização e as novas tecnologias gerou provocaram transformações profundas. De um lado, proporcionou jovens mais acomodados e passivos, mas também conectou outros para reforçarem lutas por melhores condições de vida e trabalho, sem deixar completamente as utopias de lado.

Nesse contexto, cada vez mais surgem focos de atuação em que se busca dar mais protagonismo aos jovens como uma voz importante para ajudar a encontrar caminhos mais interessantes para a sociedade.

Em busca de conceitos

Sociologia da juventude

Em Retomada de um legado intelectual: Marialice Foracchi e a sociologia da juventude, Maria Helena Oliva Augusto cita Foracchi, uma das principais autoras na formação da sociologia da juventude. Segundo ela, a juventude é formada a partir de três aspectos: “o reconhecimento de que se trata de uma fase da vida, a constatação de sua existência como força social renovadora e a percepção de que vai muito além de uma etapa cronológica, para constituir um estilo próprio de existência e de realização do destino pessoal”.

Por ser um momento de formação e que antecede à maturidade, a juventude é encara, pela autora, como instante fundamental da descoberta da vida e da própria história. É o período em que são abertos vários caminhos aos jovens, dependendo da posição em que ocupam, sua inserção social e o aproveitamento ou não de suas potencialidades.

“A mesma sociedade pode produzir tipos de jovens bastante diversos, pois, originados de diferentes extrações sociais, inserindo-se em posições distintas e apropriando-se de hábitos e valores específicos de acordo com essa inserção, as ‘maneiras de ser’ que lhes são impostas – ou que têm possibilidade de constituir – não são as mesmas para todos. Na distribuição diferencial que forçosamente ocorre, uns são mais privilegiados do que outros. Desse modo, fica claro que a juventude não é una, e que a diferenciação social e a diversidade econômica têm peso importante na configuração das distintas ‘maneiras de ser’ impostas aos jovens”, afirma Maria Helena.

As pesquisadoras Ana Luisa Fayet Sallas e Marcia Tarcisa Silva Bega realizaram, em Por uma sociologia da juventude: releituras contemporâneas, a análise de alguns estudos da Unesco no fim do século passado para aumentar a reflexão e a proposição para uma nova sociologia da juventude.

Sociologia da juventude

Para elas, pensar numa sociologia da juventude implica em retomar estudos e conceitos que ajudam na elaboração da metodologia e da teoria. As autoras mencionam o sociólogo francês Pierre Bordieu (1930 – 2002) para afirmar que “tomar a juventude por objeto implica pensá-la num contexto de relações no qual está inserida, adotando, como método, uma luta constante contra qualquer forma de percepção do mundo social como substancialista”.

Elas acrescentam ainda que as noções e percepções relativas à infância e à juventude são determinadas por aspectos sociais e históricos que variam de tempos em tempos e de uma cultura para a outra. Até mesmo dentro de uma sociedade é possível perceber variações, como as crianças de classe média com acesso a direitos considerados fundamentais, e os “meninos de rua” que não têm garantido nenhum direito.

Ambas atestam, ainda, que mesmo atualmente não há uma conceituação consensual da juventude e que é preciso considerar as diversas variáveis relativas ao que carrega essa palavra para poder conceituar – e compreender – de forma mais precisa possível a juventude. De qualquer forma, a sociologia da juventude já tem mais elementos hoje para se consolidar como um ramo mais concreto de estudos que possam ajudar a entender melhor os jovens e integrá-los, de fato e definitivamente, à sociedade.

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