Umbanda é uma religião de matriz africana, que mistura elementos do Candomblé, Catolicismo e Espiritismo. Surgiu em 1908, na região de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, por meio de Zélio Fernandino de Morais.
O termo Umbanda tem origem na língua quimbunda de Angola, com o significando de “arte de curar”.
A origem da Umbanda
Em 1908, um jovem chamado Zélio Fernandino de Morais começou a apresentar um comportamento um tanto quanto estranho. Às vezes, agia como um velho, dizendo palavras estranhas e incompreensíveis. Sem entender o que acontecia, sua família chamava os surtos de “ataques”.
Após ter sido examinado por um médico, este aconselhou a família a levá-lo a um padre, mas, ao invés disso, Zélio foi levado a um centro espírita. Na Federação Espírita de Niterói, no dia 15 de novembro, o rapaz participou de uma sessão com o responsável pelo local, José de Souza.
Na ocasião, incorporou espíritos que se apresentavam como negros escravos e índios, e, por fim, incorporou um espírito que se apresentou como Caboclo das Sete Encruzilhadas. Esse espírito alegou ter sido um padre, queimado como herege pela Inquisição portuguesa no século XVIII, e que, em sua última encarnação, tinha sido um índio. Alegou que sua missão era dar a oportunidade para espíritos de negros e índios trabalharem em auxílio de outros espíritos desencarnados.
Na casa de Zélio foi fundada, em 16 de novembro de 1908, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, considerada o primeiro terreiro de Umbanda. Nos anos seguintes, novos terreiros foram surgindo, à medida que a religião se popularizava.
Principais características
Com uma mistura de Candomblé, Catolicismo e Espiritismo, a Umbanda apresenta vários aspectos dessas crenças. Existem várias vertentes que apresentam diferenças entre elas, mas, de forma geral, a Umbanda tem alguns conceitos universais, como:
- Crença em um deus único e onipresente, chamado Olorum;
- Crença nas Divindades ou orixás;
- Crença na existência de Guias ou entidades espirituais;
- Imortalidade da alma;
- Crença nos antepassados;
- Crença na reencarnação;
- Lei de causa e efeito, na qual o bem é paga com o bem, e o mal é pago com a justiça divina.
É fundamental a prática mediúnica como meio de comunicação entre os espíritos e orixás com os seres humanos. Além disso, a Umbanda também se fundamenta na obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como a fraternidade, a caridade e o respeito ao próximo. O Pai ou Mãe-de-Santo (também chamados de babalorixá e ialorixá) são os líderes espirituais, responsáveis pela organização e condução dos cultos.
Ritos
Os rituais da Umbanda têm como objetivo evocar os orixás ancestral Guias e Protetores. Os rituais não têm forma definida, podendo variar de casa para casa. Os mais conhecidos são:
- Passe: é o gesto de imposição de mãos, presente também no espiritismo;
- Oferendas: prática de dispor comida e objetos específicos nos templos ou locais ao ar livre, em dias específicos e para fins determinados, como forma de agradecimento aos Guias e Orixás. A Umbanda não se utiliza do sacrifício de animais;
- Descarrego: nome dado a rituais de limpeza espiritual ou para livrar-se de cargas negativas;
- Batismo: realizado pelo Babalorixá ou a Iyalorixá.
Além deles, temos também as Giras, a Defumação, os Pontos Riscados e os Pontos Cantados.
Entidades
Os Orixás são considerados ancestrais africanos que, durante sua vida na Terra, supostamente adquiriram um controle sobre aspectos da natureza e das condições humanas, tornando-se, dessa forma, divindades. Os orixás mais conhecidos dentro da Umbanda são Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluaiê, Yemanjá, Oyá, Oxumaré, Obá, Egunitá, Yansã, Nanã e Omulú.
Dentre as entidades invocadas, além dos orixás, temos também os espíritos que se enquadram nas seguintes categorias:
- Caboclos: espíritos indígenas, como o Sete Encruzilhadas;
- Pretos Velhos: espíritos de velhos escravos brasileiros. São agora espíritos ditos evoluídos que dão ótimos conselhos a quem os procura;
- Exus: são mensageiros dos orixás, protegendo as estradas e os caminhos. Só praticam o bem;
- Pomba Gira: entidades da linha da esquerda com hierarquia própria;
- Erês: espíritos de crianças. Adoram brincar consolar os aflitos, os pais e as mães e, às vezes, cometem algumas travessuras;
- Zé Pilantra: espírito de uma pessoa que teria nascido em Pernambuco. Ficou órfão de pai e mãe e, para sobreviver, começou a realizar pequenos roubos e trapaças. É considerado o patrono dos bares e locais de jogos, e cuida de viciados, prostitutas, etc.
Todas essas entidades são chamadas de “espíritos de luz” porque trabalham para o bem. Há também os espíritos banidos da Umbanda que trabalham para satisfazer interesses pessoais, independente das consequências.