Seja para professores, seja para alunos, seja para profissionais de redação, o uso da crase traz muitas dúvidas e é por muitos considerada uma vilã da língua portuguesa. Embora a sua utilização exija cuidados e regras importantes, a crase se torna uma construção gramatical simples e de fácil aplicação.
O ideal é aprender a respeito do uso da crase de uma forma que você saiba quando é o momento exato de aplicar as regras existentes. Então, entenda, agora, o que é crase, a obrigatoriedade da crase, casos facultativos, palavras especiais, quando não usar crase e muito mais, só aqui no Gestão Educacional!
O que é crase?
Crase é o nome do acento grave que é acrescentado em toda contração da preposição “a” com outra letra “a”, sendo que essa vogal pode ser de um artigo definido (“a”/”as”), de um pronome demonstrativo (“aquilo”, “aquela(s)” e “aquele(s)”) ou mesmo do “a” inicial dos pronomes relativos (“a qual” e “as quais”).
Ou seja, crase é a fusão de duas vogais idênticas: preposição “a” mais outro “a” das palavras especificadas.
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Quais são as regras do uso da crase?
A regra mais básica em relação à aplicação da crase está em seu uso somente diante de palavras femininas, ou seja, a crase não acontece antes de palavras masculinas (salvo exceções).
Para verificar se existe a possibilidade de inserir a crase, basta substituir o substantivo feminino por um substantivo masculino e observar se acontece (ou não) a contração “ao”.
Por exemplo: “Ela foi à padaria” e “ela foi ao supermercado”. Como o “a” virou “ao”, é necessário o uso do acento grave.
Ainda, se verifica a necessidade de crase quando é possível substituir “a” por preposições, como “para”: “Fui à Brasília.” (“Fui para Brasília.”)
É necessário o uso da crase nas:
- Locuções adverbiais – “à tarde”, “à noite”, “à vontade”, etc.,
- Locuções prepositivas – “à procura de”, “à frente” e “à espera de”;
- Locuções conjuntivas – “à medida que” e “à proporção que”.
A crase também é obrigatória antes de locuções que fazem indicação de hora. Por exemplo: “Sairei às 15 horas”; “Aguarde-me, chego às 21 horas”.
É preciso se atentar para situações em que as horas serão antecedidas por preposições (“para”, “desde” e “até”). Nesses casos, a crase não é usada, pois não existe a preposição “a”.
Uso especial de crase e casos facultativos
Existem várias situações em que a crase pode se tornar opcional ou mesmo dependendo do contexto. Veja quais são esses casos para não ter dúvidas no momento de escrever:
- Crase antes da palavra “terra”
Não se recomenda o uso de crase antes de “terra”, quando esse termo estiver com o sentido de “chão firme”, indeterminado. Por outro lado, a crase é indicada quando o termo estiver fazendo alusão ao planeta Terra ou ao lugar de origem, estando determinada.
Por exemplo: “O astronauta voltou à Terra após a missão”; “Chegamos a terra depois de algumas horas de turbulência no avião.”
- Crase antes da palavra “distância”:
Quando estiver indeterminada, a crase não é necessária. Entretanto, a obrigatoriedade surge quando ela estiver determinada.
Por exemplo: “O rádio capta transmissões a distância”; “O rádio capta transmissões à distância de quilômetros”.
- Antes da palavra “casa”
Sem qualificativos, a palavra “casa” não exige crase. Por outro lado, quando estiver determinada (quando a casa é o “próprio lar”), o uso é obrigatório.
Por exemplo: “Voltei a casa hoje”; “Voltei à casa de minha irmã hoje”.
Sobre os casos facultativos no uso de crase, é importante que você saiba que essa contração gramatical pode ou não estar presente nas seguintes condições:
- Antes de pronomes possessivos que estejam acompanhados de palavras femininas. Por exemplo: “Dei um presente à (a) minha mãe”;
- Depois da preposição “até”. Por exemplo: “Nós iremos até à (a) padaria”;
- Antes de nomes próprios femininos. Por exemplo: “Ele fez um pedido à (a) Mônica”.
Quando não usar crase?
O uso de crase não deve, portanto, ser feito em preposições “a” quando essas aparecem antes de palavras do gênero masculino.
Ainda, a crase não deve ser colocada antes de verbos, pronomes pessoais (muito embora se considera como facultativo) ou de pronomes indefinidos. Antes de palavras no plural e em termos repetidos (por exemplo, “dia a dia”), a crase também não existe.
São exemplos nos quais a crase não deve ser usada:
- “Paguei a geladeira nova a prazo”;
- “Eu estava disposta a viajar com você”;
- “Eu solicitei a ela um memorando urgente”.
Também, antes de nomes de cidades ou de localizações geográficas, quando não há o artigo feminino, a crase não é usada. Por exemplo: “Vou a Minas amanhã”.