É só pararmos para olhar em volta que podemos notar o quão diferentes somos uns dos outros, dos outros animais e ainda mais das plantas. Essa grande diversidade de formas, cores e detalhes é provocada por um processo chamado de variabilidade genética. É por isso que podemos ver diferentes cores de pele, de olhos, de cabelo em seres humanos, e também em muitos animais.
A variabilidade genética é causada pelos diferentes genes que compõem nosso DNA. Confira abaixo mais informações sobre o que é e como ocorre a variabilidade genética.
O que é
A variabilidade genética é fundamental para a manutenção da biodiversidade e sua continuidade evolutiva. Ela ocorre das modificações no DNA dos organismos que acontecem através da mutação dos genes ou pela sua recombinação.
Origem da Variação Genética: mutação e recombinação
A mutação é um processo que acontece ao acaso e que tem chances muito pequenas de acontecer. Quando ocorre, a mutação faz com que surjam novos genes pela troca, inserção ou deleção de algum nucleotídeo que compõem a sequência do DNA e, consequentemente, dará origem à uma proteína que será expressa nas nossas características físicas. Em alguns casos, essa modificação no DNA pode não resultar em mudanças significativas, uma vez que o código genético é degenerado*. Outro problema, é que a maioria das mutações são deletérias, ou seja, acabam causando a morte do indivíduo e, portanto, não é mantida na população.
Quando a mutação é efetiva, surgem novos genótipos que podem ser mais adaptados ao ambiente em que o organismo está inserido. Além disso, as mutações podem ocorrer em um ou mais locos dos genes, que podem ter efeito cumulativo ou não na expressão fenotípica. Essa alteração no DNA pode ser mantida ou não na população, dependendo da sobrevivência desse novo individuo com os genes mutantes no ambiente. Se for mantida, pode significar uma população melhor adaptada às condições ambientais.
Essas variações podem acontecer pelo simples acaso, influenciada apenas pela deriva genética, ou adaptativa, influenciada pela combinação da deriva genética e pela seleção natural.
Já a recombinação genica é a troca de genes entre indivíduos da mesma espécie. Isso acontece durante a reprodução sexuada e aumenta a variabilidade genética da população. Enquanto algumas recombinações podem se perpetuar, alguns casos podem causar câncer e serem deletérios, assim como as mutações.
*Código genético degenerado significa que muitos aminoácidos, moléculas que forma as proteínas, podem ser codificados por mais de um códon. Códon é a sequência de três nucleotídeos, que podem ser adenina, timina, citosina e guanina.
Importância
A variabilidade genética, como mencionamos, é importante para a manutenção da biodiversidade e também para o contínuo processo evolutivo das espécies. Dessa forma, esses conceitos podem ser aplicados por exemplo, na agricultura, criando novas espécies que são mais adaptadas para determinados tipos de ambientes.
É por isso que existem coleções que mantém grande parte de exemplares de plantas com diferentes características, para que pesquisadores possuam materiais para usar. Um dos exemplos do uso da variabilidade genética é na criação de organismos transgênicos, onde genes de um indivíduo (ou de uma espécie) são transferidos para outro de forma artificial. Através dos transgênicos, hoje existem:
- Vegetais resistentes às pragas
- Vegetais mais nutritivos
- Aumento da produção de alimento
- Produção de insulina
- Hormônio do crescimento de bovino
Variabilidade Genética e Evolução
A variabilidade genética é a principal responsável pela evolução dos organismos, pois cria modificações em seus genes que podem resultar em expressões fenotípicas diferentes. É através desse processo que os organismos conseguem lidar com as mudanças ambientais.
A seleção natural, por sua vez, é o mecanismo que vai determinar quais genótipos possuem melhores condições de se perpetuar no ambiente. Assim, se o genótipo mutante for mais vantajoso, ele terá mais chances de se reproduzir e deixar descentes com o mesmo genótipo no ambiente por diversas gerações.
Entender como esses processos funcionam é importante para se estabelecer estratégias de conservação para as espécies que estamos querendo preservar. Além disso, implica sobre como os organismos que modificamos em laboratório podem se reproduzir com os indivíduos “selvagens” e se proliferar no ambiente.
Exemplos
Alguns dos exemplos mais simples de vermos no dia a dia sobre a variabilidade genética são:
- Seres humanos com diferentes cores de cabelo
- Seres humanos com diferentes cores de olhos
- Galinhas com diferentes colorações das penas
- Ervilhas amarelas e verdes