Dá-se o nome “verbo pronominal” ao verbo que, ao ser conjugado, é acompanhado por um pronome átono. Os verbos pronominais podem ser subdivididos, ainda, em “verbos pronominais essenciais” e “verbos pronominais acidentais”, além de ser feita a distinção, na conjugação desse tipo de verbo, entre “conjugação pronominal reflexiva” e “conjugação pronominal recíproca”.
Parece difícil? Pois apenas parece! Ao terminar de ler este artigo do Gestão Educacional, você estará dominando o assunto dos verbos pronominais. Confira!
O que são verbos pronominais?
Quando um verbo é conjugado junto a um pronome átono (me, te, se, nos, vos, se), ele recebe o nome de “verbo pronominal” (pronominal, obviamente, pela presença do pronome átono). Confira os exemplos abaixo:
(1) Suzana se absteve durante a votação.
(2) Miguel se debateu muito enquanto dormia.
Perceba que, em ambos os exemplos, o verbo principal, em negrito, é acompanhado de um pronome átono. Tratam-se, portanto, de verbos pronominais.
Porém, se analisarmos mais a fundo, perceberemos que, apesar de terem a mesma classificação, eles não se portam da mesma forma. Vejamos o que os difere.
Verbo pronominal essencial x verbo pronominal acidental
O verbo em (1), “abster”, é o que se chama de verbo pronominal essencial. Isso porque ele é sempre usado em sua forma pronominal, ou seja, acompanhado obrigatoriamente de um pronome átono: “abster-me”, “abster-te”, “abster-se”, “abstermo-nos” etc. Ele nunca aparecerá sem o pronome átono. Veja a comparação:
(1.1) * Eu abstenho da votação. (Errado!)
(1.2) Eu me abstenho da votação. (Correto!)
Quando o verbo pronominal é do tipo essencial, ou seja, obrigatoriamente acompanho de pronome, ele transmite uma ideia de reflexibilidade, aproximando-se do papel exercido pelos verbos reflexivos: o sujeito não apenas pratica a ação do verbo, mas também a sofre. Em (1.2), o sujeito é responsável pela ação de se abster, à mesma medida em que sobre ele também recai a ação de se abster (nele mesmo, e não em outra pessoa).
Já o verbo em (2), “debater”, é o que se chama de verbo pronominal acidental. Isso porque ele pode aparecer tanto na forma pronominal, como no exemplo mencionado, quanto na forma simples, mas com significado ou construção diferentes. Confira a comparação abaixo:
(2.1) Miguel se debateu muito enquanto dormia. (Correto!)
(2.2) Miguel debateu o tema com seus colegas. (Correto, mas com significado diferente).
As duas utilizações acima do verbo “debater” estão corretas. O que acontece é que o significado mudou de uma oração para a outra. Enquanto em (2.1) o significado de “debater-se” é “agitar-se”, em (2.2) o significado de “debater” é “discutir”. Com o primeiro sentido, o verbo “debater” precisa ser acompanho de um pronome átono. Com o segundo sentido, entretanto, ele pode aparecer na forma simples.
No caso dos verbos pronominais do tipo acidental, só há reflexibilidade quando o verbo é acompanho de um pronome átono. Quando ele está em sua forma simples, não há: em (2.2), Miguel é responsável pela ação do verbo, mas a ação não recaiu sobre ele. Não há, portanto, reflexibilidade.
Conjugação pronominal reflexiva x conjugação pronominal recíproca
Isso nos leva a outra distinção que se faz em relação aos verbos pronominais: a distinção entre conjugação pronominal reflexiva e conjugação pronominal recíproca.
Diz-se que ocorre uma conjugação pronominal reflexiva quando há reflexibilidade, ou seja, quando a ação do verbo é praticada pelo sujeito e recai sobre o próprio sujeito. Confira o exemplo:
(3) Gabriel se enganou ao acreditar em Raquel.
Neste exemplo (3), perceba que o responsável pela ação de “enganar” é Gabriel. Da mesma forma, quem sofre o efeito de “se enganar” é o próprio Gabriel. Trata-se, portanto, de uma conjugação pronominal reflexiva.
Já em relação à conjugação pronominal recíproca, diz-se que ela ocorre quando a ação do verbo principal é realizada por todos os sujeitos da oração. Não apenas isso, a ação também recai em todos os sujeitos da oração. Isso só ocorre, obviamente, quando o sujeito está no plural (nós, vós, eles). Veja o exemplo para compreender melhor:
(4) Os amigos se cumprimentaram
Neste exemplo (4), a ação de “cumprimentar” foi praticada por ambos os sujeitos (os dois amigos). Da mesma forma, a ação de “se cumprimentar” caiu sobre eles próprios. Trata-se, portanto, de uma conjugação pronominal recíproca.
Seria diferente, por exemplo, se disséssemos:
(5) Natália cumprimentou Felipe.
Neste exemplo (5), a ação de “cumprimentar” foi praticada por Natália (sujeito), mas o efeito da ação não caiu nela própria, mas em Felipe (objeto direto). Não se trata nem mesmo de uma conjugação pronominal, não tendo, portanto, uma conjugação nem reflexiva, nem recíproca.